Debate da 5ª etapa da Volta a Espanha 2025: Deveriamos ter contrarrelógio por equipas só na etapa de abertura?

A quinta etapa da Volta a Espanha foi um contrarrelógio por equipas, uma disciplina pouco convencional e pouco vista ao nível do World Tour.

A Lotto foi a primeira equipa a começar, estabelecendo um tempo sólido que equipas como a Jayco ou a Bahrain, no papel mais bem preparadas para uma contrarrelógio por equipas do que a Lotto, não conseguiram bater. A Lidl -Trek foi a primeira equipa entre as favoritas a iniciar o esforço, com um alinhamento muito forte que esmagou o melhor tempo, apesar de ter perdido Carlos Verona devido a uma queda.

Depois deles, a INEOS fez uma primeira metade poderosa do contrarrelógio por equipas e assumiu a liderança nas zonas intermédias. No entanto, perderam tempo na segunda metade e não foram capazes de ultrapassar a Lidl - Trek, terminando em quinto lugar na geral.

A Red Bull - BORA e a Israel também ameaçavam a liderança da Lidl - Trek, mas a queda feia de Matteo Sobrero, por um lado, e uma manifestação pró-Palestina, por outro, deitaram por terra as suas possibilidades de lutar pela vitória da etapa.

As duas equipas favoritas eram a UAE e a Visma e provaram-no, terminando em primeiro e segundo lugar, respetivamente. Apesar de nunca terem liderado nos pontos intermédios, ambas as equipas terminaram muito fortes e lideraram a classificação, com a Lidl - Trek a ser terceira.

O líder da corrida, David Gaudu, e a sua equipa Groupama FDJ não estiveram nem perto das equipas de topo, perdendo 24 segundos para o vencedor e perdendo a camisola vermelha, que volta a estar nos ombros de Vingegaard.

Uma vez terminada a etapa, pedimos a alguns dos nossos escritores que partilhassem as suas ideias e principais conclusões sobre o que aconteceu hoje.

Tudo como esperado, diria eu. A Emirates tinha vantagem sobre a Visma porque tinham um homem a mais e a verdade é que as super-equipas vão estar sempre no topo dos contrarrelógios coletivos devido ao dinheiro que investem na disciplina.

Longe vão os dias em que um especialista como Cancellara podia, quase sozinho, levar uma equipa à vitória numa etapa destas. Vingegaard regressa à vermelha como esperado e nada mudou na dinâmica da corrida, diria eu.

O contrarrelógio por equipas foi certamente espetacular e poderia ter sido ainda melhor se tivesse durado um pouco mais. A pergunta óbvia que todos fazem é o que aconteceu à Visma na primeira e segunda zonas intermédias. Na parte final, no entanto, eles voaram, especialmente considerando que a Emirates conseguiu ganhar 14 segundos sobre a Lidl-Trek.

A Visma superou a Emirates em mais cinco segundos nessa mesma zona, sendo quase 20 segundos mais rápido do que a Lidl-Trek! Terá sido uma escolha tática? Ou terá acontecido alguma coisa no início? Vamos descobrir em breve.

Apesar de o Rúben Silva ter acertado ao escolher a Emirates como favorita (talvez por isso seja o melhor nas antevisões), sinceramente não esperava que Ayuso, Almeida e companhia vencessem equipas que me pareciam mais fortes no contrarrelógio, como a Visma, a Lidl-Trek ou a INEOS.

Penso que o vento prejudicou a Lidl-Trek, que foi ultrapassada por várias equipas na parte final. A corrida está a ser bonita mesmo antes da chegada das altas montanhas, com Vingegaard à frente dos dois líderes da Emirates.

A Emirates e a Visma estão mesmo à frente da concorrência, e pudemos ver isso hoje. No caso da Visma, foi ainda mais impressionante, porque lhes faltava um ciclista (Axel Zingle abandonou há dois dias), pelo que estavam em grande desvantagem.

Será que o resultado final teria sido diferente se ele tivesse começado a etapa? Nunca saberemos, mas essa desvantagem poderia ter sido facilmente evitada com uma simples ação: colocar o contrarrelógio por equipas na primeira etapa. Desta forma, garante-se que todas as equipas estarão nas mesmas condições e que não faltarão peças a ninguém, uma vez que todas as equipas estão completas ao primeiro dia.

Hoje, cinco equipas foram injustamente afetadas: Visma, Movistar, Soudal, Groupama e Burgos ficaram sem um ciclista. Numa disciplina que é um trabalho de equipa, como o próprio nome indica, ter um ciclista a mais ou a menos tem definitivamente um grande impacto. Porque é que não colocaram este contrarrelógio na primeira etapa em vez da quinta?

Não é um contrarrelógio por equipas da Vuelta sem incidentes bizarros. Há dois anos foi o infame contrarrelógio por equipas que terminou às escuras, hoje foram os manifestantes que bloquearam a Israel - Premier Tech, para além de um peão que tentava atravessar a rua quando a Groupama - FDJ se aproximava. Não são de todo etapas aborrecidas, isso é certo.

Deixando isso de lado, os resultados finais foram os esperados. As cinco primeiras equipas eram as mais fortes em teoria e as diferenças de tempo eram mínimas, deixando a geral muito aberta. Uma equipa que me surpreendeu hoje foi a Movistar, porque não veio para a Vuelta com aspirações à geral e o seu alinhamento não é o melhor, faltando-lhe poder de fogo no contrarrelógio. Ainda assim, conseguiram terminar em 6º lugar, apenas 17 segundos mais lentos do que a Emirates.

A Groupama - FDJ também fez um contrarrelógio sólido, perdendo apenas 24 segundos para a Emirates. Gaudu continua em sexto lugar, com 16 segundos perdidos para Vingegaard, e estou muito curioso para ver se ele vai manter a sua excelente forma até agora durante as próximas semanas. É capaz de ser um outsider para lutar pelo menos pelo pódio.

Por outro lado, a Jayco Alula desiludiu-me. É frequente apresentarem bons desempenhos nos contrarrelógios por equipas, mas hoje não foi o seu dia, perdendo 44 segundos. Um grande revés para Ben O'Connor, que terminou em segundo lugar no ano passado e veio para lutar pela geral novamente.