Debate sobre a 2ª etapa do Renewi Tour e da 1ª etapa da Volta à Alemanha: 2 em 2 para a Visma. Será a equipa mais completa do World Tour?

É lamentável o que aconteceu hoje na Volta à Alemanha. E não culpo os organizadores, porque são coisas que podem acontecer numa corrida, culpo a UCI por não ter um protocolo estabelecido, um sistema de VAR normalizado como no futebol ou na Fórmula 1 para determinar com precisão e sem risco de erros o vencedor de uma corrida.

Estamos em 2025, numa prova importante, e não se pode dizer a um ciclista como Jonathan Milan que ganhou e depois que não ganhou. Não se pode dizer a um espetador que desliga a televisão depois de ver uma etapa que um ciclista ganhou, para depois descobrir que foi outro.

Grande regresso, por outro lado, de Matthew Brennan, que é a única explicação razoável para deixar escapar um ciclista como Olav Kooij, que sempre que corre contra grandes rivais consegue sempre arrancar uma vitória, como fez hoje contra Tim Merlier na segunda etapa do Renewi Tour.

Que etapa caótica no Renewi Tour. Ventos cruzados, abanicos, cortes, pelotão esfrangalhado. Se a corrida foi morna até à entrada para o circuito final, uma vez lá a corrida explodiu completamente. Rui Oliveira ainda foi ao sprint verde e conquistou um segundo de bonificação, ficando a apenas 1 da camisola amarela de Tim Merlier. A velocidade estonteante do pelotão não permitia que alguém ousasse ir para a frente da corrida.

Nem o vento o permitia, pois era frontal em muitas partes do percurso. Que o diga Tim Wellens que tentou escapar duas vezes, com a Lidl-Trek sempre no seu encalço, nunca lhe permitindo ter um metro de vantagem. No sprint final a desorganização era total. Quando todos esperavam um bis para Tim Merlier, eis que a 500 metros da meta vemos um homem de amarelo, que vinha na 11ª posição, a arrancar de forma imperial. Vindo de trás, Olav Kooij não deu hipóteses aos seus adversários, fugindo da esquerda para a direita de forma sublime, metendo nos pedais toda a sua potência e levantando os braços.

Na Volta à Alemanha, de assinalar a vergonhosa decisão que os comissários de corrida tomaram. Será que restavam dúvidas que Matthew Brennan tinha vencido a etapa. Como foi possivel ter dado a vitória a Milan. Foram 2 vitórias no dia para a Visma...

Hoje foi um dia extremamente prolífico para a Team Visma | Lease a Bike. Dois sprints, na Bélgica e na Alemanha, e duas vitórias de etapa para eles. Olav Kooij continua a mostrar que é um sprinter subestimado e que pode vencer qualquer um quando está no seu melhor. Esta foi a sua 7ª vitória da época (tem 43 na sua carreira, apesar de ter apenas 23 anos).

Kooij vai deixar a equipa no final desta época (correm rumores de que vai para a Decathlon), mas não sei se a Visma vai perder muito com Matthew Brennan nas suas fileiras. Vejamos os números: o jovem britânico acaba de conquistar a sua décima vitória da época e da sua carreira, pois só recentemente fez 20 anos e este é o seu primeiro ano como profissional. Alguns críticos argumentaram que ele ainda não tinha vencido um velocista "a sério" e que era preciso dar-lhe tempo antes de o considerar entre a elite.

Bem, hoje venceu Jonathan Milan (sem dúvida o melhor sprinter do mundo). Brennan já provou que pertence ao grupo dos melhores sprinters do pelotão e a equipa Visma está certa ao entregar-lhe as chaves da equipa para os próximos anos.

Isto leva-nos ao ponto seguinte: quem será o rosto da Visma nos próximos anos: Vingegaard ou Brennan? Penso que ambas as estrelas poderão coexistir no mesmo ambiente (embora seja difícil para Brennan participar em qualquer Grande Volta em que Vingegaard esteja a competir). Veremos como evolui Brennan, mas ele poderá tornar-se uma versão melhorada de Van Aert se tudo se mantiver na mesma. Ele tem uma ponta de velocidade melhor do que o belga e já provou que tem um bom desempenho em subidas curtas.

A UAE é, neste momento, a equipa mais dominante (de longe), com o maior número de vitórias, mas a Visma é a equipa mais completa. Tem capacidade para vencer Grandes Voltas, sprints e praticamente qualquer outro tipo de corrida, como as grandes Clássicas. Ter um sprinter de classe mundial é a única coisa que falta atualmente à equipa dos Emirados Árabes Unidos.