Debate sobre o futuro da Flèche Wallonne: estará o Mur de Huy a tornar a corrida previsível?

Ciclismo
sexta-feira, 25 abril 2025 a 00:30
flechewallonne murdehuy
Como já é tradição há décadas, o icónico Mur de Huy voltou a ser o palco decisivo da La Flèche Wallonne. Mais uma vez, todos os favoritos guardaram os seus esforços para a subida final, num desfecho que, apesar da sua intensidade, levanta dúvidas sobre a previsibilidade da corrida. Entre os especialistas belgas, cresce a ideia de que a prova poderá estar a necessitar de uma reformulação - e não falta quem proponha mudanças radicais.
“No início, achei aquele final absolutamente fantástico”, recorda Mark Uytterhoeven no podcast Wattage, do Clube de Ciclismo, evocando o primeiro final no Mur de Huy há já 40 anos. “Mas agora, sinceramente, já estou farto. E se retirássemos o Mur da equação? Não teríamos, porventura, uma corrida mais interessante?”
Tom Boonen não hesita em concordar com a proposta. “A chegada é demasiado dura e isso bloqueia a corrida. Mas não é só o final que merece ser revisto”, defende o antigo campeão. Na sua opinião, o problema estende-se ao restante percurso, que oferece poucas oportunidades para ataques de longe. “Na parte final da Flèche, temos troços largos e muito rápidos. O pelotão acaba sempre por controlar aí e ninguém se atreve a fazer nada".
Por outro lado, Jan Bakelants mostra-se mais reticente quanto à possibilidade de uma mudança tão significativa numa corrida que celebrará o seu 90.º aniversário no próximo ano. “A chegada ao Mur de Huy já faz parte do ADN da Flèche Wallonne. Mudar isso alteraria por completo a identidade da corrida".
Boonen reconhece esse risco, mas sublinha que não seria inédito ter uma versão mais curta e antecipada de um Monumento. “A Flèche poderia passar a ser uma espécie de ‘Liège-Bastogne-Liège em miniatura’. E já temos exemplos disso: a E3 Saxo Classic é, de certa forma, uma versão reduzida da Volta à Flandres".
Entre tradição e inovação, o debate está lançado. Resta saber se a organização da prova estará disposta a mexer num dos finais mais emblemáticos do calendário, ainda que isso possa revitalizar uma corrida cujo desfecho tem sido, ano após ano, excessivamente previsível.
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