"Digam alguma coisa!" Antigo profissional critica o silêncio da UCI sobre protestos contra a Israel-Premier Tech e na Vuelta

O antigo ciclista profissional holandês e atual comentador Maarten Ducrot lançou duras críticas à União Ciclista Internacional (UCI) pelo silêncio em torno da presença da Israel - Premier Tech na Volta a Espanha 2025 e pelos protestos que daí resultaram. No podcast De Kopgroep, Ducrot denunciou o que considera ser hipocrisia e indecisão do organismo que tutela o ciclismo mundial.

"No passado, fomos muito rápidos a banir a Rússia dos Jogos Olímpicos", recordou, sublinhando o precedente. "Depois, surgem argumentos fracos como 'a política e o desporto devem ser mantidos separados'. Mas isso não é verdade e, aparentemente, também não se aplica à Rússia."

Em 2022, a UCI retirou a licença à equipa Gazprom-RusVelo na sequência da invasão da Ucrânia, proibindo patrocinadores e marcas russas e bielorrussas. A formação teve de fechar portas praticamente de um dia para o outro, deixando ciclistas e staff, muitos deles não eram russos, sem contrato de trabalho. Os recursos apresentados ao Tribunal Arbitral do Desporto foram todos rejeitados.

Para Ducrot, este histórico torna ainda mais gritante o silêncio que se vive actualmente: "A ausência total de voz por parte da UCI... Digam alguma coisa!", exigiu.

O ex-ciclista defende que as instâncias dirigentes não se podem refugiar na neutralidade quando a política e o desporto se cruzam. "Depois, diz-se: 'Ouvimos os manifestantes e estamos a tomar esta decisão'. Na verdade, não é porque queremos que a nossa corrida vá para a estrada. Estamos conscientes do que se passa no mundo, mas os tipos que vestem a camisola errada, a jogar um evento desportivo, não devem sofrer por causa disso", apontou.

E reforçou: "Ou 'Achamos que eles deviam sair'. Tomem uma posição! Nunca terás o apoio de todos, mas então não devias ter-te tornado presidente. Mas de qualquer forma, é isso que está a acontecer em todo o lado neste momento: uma total falta de visão."