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Israel - Premier Tech voltou a estar no centro das atenções durante o contrarrelógio por equipas da 5ª etapa da
Volta a Espanha 2025, quando um grupo de manifestantes bloqueou momentaneamente a estrada com bandeiras palestinianas e faixas políticas, obrigando o conjunto a quase parar. O tempo da formação liderada por Sylvan Adams foi posteriormente ajustado pela organização, de forma a compensar a interrupção.
Este tipo de incidentes não é novo para a equipa. Já no Giro, em maio, manifestantes tinham tentado travar a entrada da Israel - Premier Tech na prova. Nos últimos meses, a presença de protestos ligados ao conflito no Médio Oriente tornou-se recorrente em vários eventos desportivos, com adeptos a invadir campos e percursos de diferentes modalidades.
Consciente da situação, a equipa tinha adotado medidas preventivas, nomeadamente a utilização de cores neutras no autocarro e no equipamento de treino, de modo a reduzir a visibilidade e, em teoria, o risco de protestos. Ainda assim, a contestação voltou a materializar-se em Espanha.
O tema ganhou força política com a intervenção da Izquierda Unida, que apelou ao governo espanhol para propor aos organizadores a exclusão da equipa. "Certamente, enquanto as medidas do Tribunal Internacional de Justiça relativas ao que está a acontecer em Gaza continuarem em vigor", referiu o partido em comunicado.
A formação política defendeu que "o desporto de elite praticado em território espanhol deve ser totalmente compatível com as obrigações do Estado em matéria de direitos humanos e de direito internacional, bem como com os princípios da não discriminação, da integridade e da responsabilidade social. É inaceitável que em Espanha se promovam ou normalizem, direta ou indiretamente, equipas que contribuem para o branqueamento institucional da imagem de Israel, em consequência das ações que estão a ser levadas a cabo em Gaza".
Guillén defende enquadramento regulamentar
Perante a polémica, o diretor da prova, Javier Guillén, recordou que a organização não teve margem para excluir a equipa. "Eles têm o direito de participar e nós temos de os deixar participar. Além disso, a equipa não foi proibida de participar por nenhuma autoridade", esclareceu.
A presença da Israel - Premier Tech continuará, portanto, assegurada por via regulamentar, uma vez que a equipa terminou 2024 como segunda melhor Pro Team do ranking UCI, posição que garante automaticamente um convite para as três Grandes Voltas.
A polémica promete prolongar-se, colocando os organizadores perante o delicado equilíbrio entre a neutralidade desportiva e as pressões políticas externas, num contexto onde a Volta a Espanha tem tentado reforçar a sua imagem de prova global e aberta.