O assalto que deixou a
Team Visma | Lease a Bike praticamente sem bicicletas antes da 3ª etapa da
Volta a Espanha 2025 continua a dar que falar no pelotão. Entre as equipas que se mostraram solidárias com a formação holandesa esteve a
Lidl-Trek, que, juntamente com a Movistar Team, se disponibilizou para ajudar os rivais a alinhar à partida.
"Vimos os enormes danos que os ladrões tinham causado, por isso dissemos imediatamente à Visma que estávamos prontos a ajudar em tudo o que precisassem", explicou
Luca Guercilena, diretor da equipa americana, em declarações ao
IDLProCycling.
"Quer se tratasse de bicicletas, coletes, capacetes ou até mecânicos… tudo o que fosse necessário para que estivessem prontos para a terceira etapa. Também ajudei a traduzir para a polícia e os investigadores para acelerar um pouco o processo. É uma questão de respeito mútuo entre as equipas. Sabemos como é difícil acordar e encontrar o camião completamente vazio."
A necessidade de reforçar a segurança
Para Guercilena, o episódio mostra que o ciclismo de alto nível enfrenta agora ameaças que exigem novas medidas. "Penso que estamos a chegar a um ponto em que vai ser necessário contratar seguranças à noite. Agora que tantas equipas estão alojadas nos mesmos hotéis, os danos podem ser enormes, especialmente com o equipamento cada vez mais valioso."
O dirigente italiano apontou também a logística como fator determinante. "A Visma teve azar com a forma como teve de estacionar os camiões no hotel. Conseguimos bloquear as portas traseiras dos nossos camiões com um carro, mas isso não foi possível no local onde o camião deles estava estacionado. Tenho a certeza de que teriam feito o mesmo se a disposição tivesse permitido. Talvez as coisas tivessem corrido de forma diferente."
Um problema para todo o pelotão
Guercilena não tem dúvidas de que o ciclismo está a lidar com um fenómeno que ultrapassa furtos ocasionais. "Estamos a falar de crime organizado, não de pessoas que andam a bisbilhotar. Durante os campos de treino de inverno em Calpe, contratamos seguranças. Mas durante as corridas por etapas, trazemos cerca de cinquenta bicicletas, incluindo as de contrarrelógio. Nem tudo isso pode ser guardado dentro do hotel. E isso são só as bicicletas, há muito mais equipamento incrivelmente valioso. Precisamos mesmo de encontrar uma solução."
O roubo da Visma, avaliado em cerca de 250 mil euros, expôs a vulnerabilidade das equipas e reabriu o debate sobre as medidas de segurança nas grandes corridas. A solidariedade de rivais como a Lidl-Trek mostrou a dimensão de comunidade que ainda existe no pelotão, mas também evidenciou que o ciclismo profissional enfrenta um desafio logístico cada vez mais sério.