"É uma pena que um momento intemporal nos tenha sido tirado" - Jonas Vingegaard reage ao bizarro final da Volta a Espanha

Jonas Vingegaard confirmou este domingo a vitória na Volta a Espanha 2025, naquela que ficará marcada como a edição mais atípica da história da corrida. O dinamarquês conquistou a sua primeira camisola vermelha sem o tradicional final em Madrid, cancelado após protestos pró-palestinianos que impediram a entrada do pelotão na capital.

O desfecho inédito deixou a prova sem pódio e sem celebração pública. Para Vingegaard, a sensação foi agridoce. "É uma pena que um momento tão intemporal nos tenha sido retirado. Estou muito desiludido com isso. Estava ansioso por celebrar esta vitória com a minha equipa e os adeptos. Toda a gente tem o direito de protestar, mas não de uma forma que influencie ou ponha em risco a nossa carreira", lamentou em comunicado da Team Visma | Lease a Bike.

Apesar do final abrupto, a supremacia do dinamarquês nunca esteve em causa. Jesper Morkov, diretor desportivo da Visma, destacou o desempenho sólido do líder. "Ontem assistimos a uma bela etapa final de montanha. Sabíamos que a Emirates ia querer endurecer a corrida, mas os nossos ciclistas fizeram um trabalho incrível a apoiar o Jonas nestas últimas semanas. Ele defendeu a camisola de líder com convicção e provou mais uma vez que era o ciclista mais forte desta Vuelta. Três vitórias em etapas e agora a geral: Jonas é um vencedor mais do que merecido."

Para Richard Plugge, diretor-geral da equipa, a vitória foi motivo de orgulho mas também de reflexão. "Antes de mais, estou muito feliz e orgulhoso com esta vitória geral. É triste que nos tenha sido negado, a nós e aos adeptos, um final tão bonito no coração de Madrid. Vamos celebrar a camisola vermelha com a nossa equipa à nossa maneira e honrar este feito fantástico."

Plugge aproveitou ainda para sublinhar a dimensão social que atravessou a corrida. "Hoje em dia, o desporto é cada vez mais utilizado como plataforma para abordar questões sociais. Temos de perceber que o desporto é, na sua essência, uma ligação. Pode construir pontes e promover a compreensão mútua. Mas os participantes devem ser protegidos: não podem tornar-se vítimas deste debate social. Esse debate deve permanecer sempre fora do domínio dos atletas. Os atletas devem ser livres de travar as suas batalhas no terreno de jogo, no nosso caso, na estrada. Caso contrário, a própria essência do desporto como força unificadora está em risco."

Assim, Vingegaard ergue-se como vencedor incontestável de uma Vuelta sem precedentes, marcada tanto pela sua força desportiva como pelo turbilhão extradesportivo que impediu a consagração em Madrid.