Quatro anos após a sua conquista da
Volta a Itália em 2021,
Egan Bernal está, de forma quase milagrosa, de regresso ao topo da montanha e à luta pela Maglia Rosa. O colombiano da
INEOS Grenadiers, marcado por uma sequência de lesões dramáticas, foi 3.º classificado na 7ª etapa, perdendo apenas quatro segundos para Juan Ayuso, e deixou o mundo do ciclismo em silêncio e admiração com a sua exibição em Tagliacozzo.
“O protagonista do dia, tirando Ayuso, foi Egan Bernal”, afirmou Matt Stephens no The Breakaway, programa de análise da TNT Sports. "Estava a torcer por aquele rapaz. O tipo esteve quase fora do desporto. E agora está a fazer os melhores números da sua carreira".
O que Bernal alcançou é, de facto, digno de destaque. Em 2022, sofreu um acidente quase fatal na Colômbia, ao embater na traseira de um autocarro enquanto treinava numa bicicleta de contrarrelógio. Fraturou as costas, o fémur, a rótula, costelas, e perfurou um pulmão. O diagnóstico inicial punha em causa a própria capacidade de andar, quanto mais de regressar à alta competição.
“Parecia que não ia conseguir voltar a andar. Mas teve o apoio da equipa, lutou e está lentamente a regressar ao seu melhor”, detalhou Stephens. "Estamos num mundo diferente agora, com outros ciclistas no topo, mas a corrida de hoje foi soberba".
O regresso de Bernal não foi isento de contratempos. Este ano, voltou a fraturar a clavícula, mas mais uma vez ergueu-se. Para Robbie McEwen, essa resiliência só reforça o que o colombiano representa:
"Ele continua a levantar-se e a regressar. É muito bom vê-lo de volta ao pódio de uma etapa onde a vitória estava em jogo".
Bernal não está apenas a terminar etapas - está a competir ao mais alto nível novamente. Com um ritmo constante e sem quebras, acompanhou todos os favoritos até ao último quilómetro, apenas cedendo no ataque final de Ayuso.
A sua presença no topo da classificação geral começa agora a gerar novos sonhos, inclusive entre antigos colegas e rivais.
“Quando ele ganhou o Tour e o Giro, pensava-se que podia vencer cinco edições da
Volta a França”, recordou Adam Blythe, também no The Breakaway. “Ele ainda pode ganhar uma com a forma que mostrou hoje. Mas a luta para chegar aqui… não fazemos ideia do quão dura foi. O facto de ele ter estado onde esteve e onde está agora é quase inacreditável".
Com a montanha a intensificar-se nas próximas etapas e o sterrato de Siena a aproximar-se, Bernal será testado de novo - mas desta vez não como sobrevivente, mas como contendor legítimo. O seu regresso ao topo não é apenas uma história de superação, é também um lembrete de que o talento nunca desaparece - mesmo quando o corpo é posto à prova ao limite.