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INEOS Grenadiers está a mudar totalmente o foco e, após uma época com abordagem diferente e menor ênfase nos resultados nas Grandes Voltas, a entrada da TotalEnergies como patrocinador também implica uma alteração nas prioridades de mercado. O campeão nacional francês era um desejo do gigante gaulês e, em
Dorian Godon, encontrou a resposta. É um movimento que beneficia ambas as partes.
"A Ineos é um projeto entusiasmante para mim. Sempre disse ‘quero correr numa equipa estrangeira’, sendo um ciclista francês que competiu em equipas francesas durante 10 anos. Quero descobrir uma nova estrutura, e é uma das mais profissionais",
partilhou Godon com o Cyclingnews. A sua visão ecoa a de vários corredores formados em equipas francesas que, numa fase mais madura da carreira, deram o salto para formações de topo. Os casos de Benoît Cosnefroy (UAE) e Bruno Armirail (Visma), ainda colegas de Godon, são exemplos claros.
Depois de uma época de grande nível, com seis vitórias, entre elas o título nacional, além de quatro triunfos de final de agosto ao fecho da temporada, não surpreendeu o forte interesse no pelotão World Tour, especialmente de equipas de maior craveira: "Não era a minha única possibilidade, mas a mais atraente. A certa altura, não esperava ir para a Ineos, mas agora vão estar três franceses, por isso será agradável ter um toque francês numa equipa britânica".
Godon com a camisola de campeão nacional francês, que levará para a INEOS Grenadiers. @Sirotti
Junta-se a Axel Laurance e à nova contratação Kévin Vauquelin para formar um bloco francês, e está ansioso por integrar a equipa, sabendo que não terá de assumir tantas vezes o papel de gregário nas Grandes Voltas, como tantas vezes aconteceu até com talentos de topo. "Talvez há três anos não quisesse ir, mas agora estou muito entusiasmado, porque mudaram um pouco a estratégia. Estão mais agressivos e talvez mais atraentes".
Objetivos claros
Acredita também poder beneficiar do atual cenário nas grandes competições, onde as corridas são muito abertas, ou exigem estratégias específicas para enfrentar nomes como Tadej Pogacar e Mathieu van der Poel. "É preciso mexer um pouco mais cedo para alterar a estratégia. As corridas mudaram muito e é necessário adaptar. Em vez de focar sempre num só corredor, é melhor ter um plano em que todos possam ter oportunidade".
Godon já aponta a algumas grandes provas onde pode render. No passado venceu etapas na Volta à Romandia e a clássica belga Brabantse Pijl, mas quer dar mais qualidade ao seu palmarés de 16 triunfos. "Terei a minha oportunidade, não há muitos corredores com o meu perfil, talvez o Ben Turner. Posso ganhar num sprint de pequeno grupo e posso ajudar os homens da geral e nas fugas durante uma Grande Volta. Sou muito versátil. Quero vencer uma clássica de um dia, por exemplo, o GP de Québec ou uma Clássica belga".
Fazer parte da equipa para a Volta a França é outro objetivo e chega a sonhar com a possibilidade de vestir a amarela nas primeiras etapas, algo ao seu alcance, em boa verdade.
A corrida abre com um contrarrelógio por equipas em Barcelona e depois apresenta duas chegadas em alto, novamente em Barcelona (Montjuïc) e Les Angles."Seria um sonho vencer em Barcelona e vestir a camisola amarela. Não sou nada mau em contrarrelógio e vou, com certeza, progredir com o desenvolvimento da equipa e o seu know-how na disciplina", concluiu.