Entrevista a Mick van Dijke: “Talvez tenhamos de aceitar que o ciclismo se tornou realmente perigoso”

Ciclismo
sábado, 05 julho 2025 a 15:50
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A velocidade crescente, a intensidade táctica e a constante luta pelas melhores posições estão a transformar o ciclismo profissional numa modalidade cada vez mais arriscada. Esta é uma preocupação transversal no pelotão, partilhada por adeptos, directores desportivos e pelos próprios ciclistas. À margem da apresentação da Red Bull - BORA - hansgrohe em Lille, o holandês Mick van Dijke falou ao CiclismoAtual sobre os desafios e perigos actuais do pelotão internacional.
A equipa alemã foi uma das mais ovacionadas na apresentação desta quinta-feira, impulsionada pelos nomes sonantes como Primoz Roglic, Florian Lipowitz e Jordi Meeus. Entre eles, van Dijke prepara-se para fazer a sua estreia na Volta a França, visivelmente emocionado com o momento. “Foi muito especial. Quando subi ao pódio, senti-me como se estivesse a entrar numa montanha russa”, confessou o ciclista de 25 anos.
Apesar da juventude, van Dijke já se afirmou como peça sólida no bloco de clássicas da equipa. Este ano, garantiu lugares de destaque em corridas duríssimas como a Dwars door Vlaanderen e a Paris-Roubaix, terminando ambas no Top 20. Agora, no cenário mais prestigiado do calendário, abraça um papel claro de gregário. “Fiz algumas grandes corridas: os Mundiais, a Volta à Flandres, Roubaix algumas vezes… mas esta está lá em cima”, admitiu.
Curiosamente, o seu papel nesta Grande Volta será menos voltado para os sprints e mais focado no apoio aos líderes da classificação geral. Apesar da presença de Jordi Meeus, sprinter puro da equipa, a prioridade interna está bem definida. “Penso que estamos aqui com um objectivo claro: a geral. Se surgir uma oportunidade para um sprint, claro que decidiremos no dia. Mas o essencial é manter o Primoz e o Florian fora de problemas. Esse é o nosso maior objectivo.”
Com a primeira etapa marcada por vento forte e elevado risco de abanicos, van Dijke terá uma missão decisiva já desde o primeiro dia. “Vai ser perigoso, mas penso que não para os homens da geral. O mais importante é evitar problemas, não perder muito tempo e acima de tudo não cair, porque estas pequenas coisas acumulam-se até à última semana.”
Sobre os riscos crescentes no pelotão, o holandês foge à retórica habitual e lança uma reflexão interessante: talvez seja necessário aceitar que o ciclismo moderno é, de facto, intrinsecamente mais perigoso. “Talvez tenhamos de aceitar que é realmente perigoso, que o nível está a subir no pelotão”, explicou, apontando para uma densidade competitiva cada vez maior nos momentos chave das etapas.
“Muita gente pode estar no final, nos pontos decisivos. Isso torna tudo muito mais perigoso, porque há simplesmente demasiados ciclistas. Talvez antigamente houvesse menos, mas agora o número é enorme. Há muitos directores desportivos a aplaudir os rapazes por se manterem na frente e talvez isso seja também um dos grandes problemas.”
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