ENTREVISTA: Ivo Oliveira: "Já não sou aquele miúdo que só trabalha e trabalha, agora também ganho"

Ciclismo
domingo, 14 dezembro 2025 a 11:30
ivooliveira
Ser ciclista do WorldTour é sinal de qualidade, mas vencer é outro campeonato, algo que Rui e Ivo Oliveira sentiram na pele. Na UAE Team Emirates - XRG desde 2019, os gémeos portugueses somaram anos de sucesso como gregários, mas em 2025 Ivo bateu o pé e conquistou quatro vitórias na temporada, contribuindo para o recorde da equipa e confirmando o lugar na formação mais competitiva do pelotão mundial.
Em 2026, Oliveira disputará o Tour Down Under (e possivelmente a Cadel Evans Great Ocean Road Race), a Figueira Champions Classic, a Volta ao Algarve, a Milano-Torino, a Volta a Catalunha, a Volta à Romandia, o Gran Camiño, a Boucles de la Mayenne, o Tour Auverge - Rhône Alpes, o Campeonato Nacional, a Volta a Espanha, a Cro Race e a Japan Cup. Impressionantemente, o seu calendário está definido até outubro do próximo ano, caso não haja doença ou lesão que o impeça de participar em qualquer uma destas corridas.
Foi, sem dúvida, um ano de afirmação para o ciclista de 29 anos, um entre cerca de duas dezenas de corredores que circularam pelo hotel da equipa no media day deste sábado à tarde.
Entrou numa conversa com o irmão Rui e sentou-se, entusiasmado, com o CiclismoAtual, o CyclingUpToDate e a TopCycling para falar daquela que tem sido a melhor época da carreira. “Dizem-me, ganhaste quatro, mas a da Romandia… 0,2 [segundos], num piscar de olho…”.
Apesar dos triunfos, talvez o que mais lhe ficou na memória foi ter roçado a primeira vitória no WorldTour. Na Volta à Romandia, em grande forma, foi segundo no prólogo, atrás de Sam Watson (INEOS Grenadiers), por 0,2 segundos. Teria sido um triunfo transformador para ambos, mas a moeda caiu para o lado do britânico. “Ele é um bom corredor e podia ganhar, mas daquela forma, fui eu que a perdi”.
Nas semanas anteriores, porém, abriu caminho ao sucesso no Giro d’Abruzzo, atacando na chegada em alto a Penne para uma vitória solitária de classe. O nível estava alto e confirmou-o com um segundo triunfo na quarta e última etapa da corrida italiana, dessa vez na fuga e, num final semelhante, batendo o ex-colega Sjoerd Bax ao sprint.
ivo oliveira
A vitória de Ivo na última jornada do Giro d'Abruzzo

Deixou de ser o miúdo que só trabalha, agora também decide

Em Ourém, que recebeu um final de etapa da Volta a Espanha 2024, sagrou-se campeão nacional, envergando agora as cores de Portugal na equipa WorldTour com mais corredores da nação ibérica. Este salto de forma valeu-lhe uma chamada inesperada para a Volta a Espanha, onde ajudou João Almeida a ser segundo na geral e foi ele próprio quinto no exigente contrarrelógio final ganho por Filippo Ganna.
“Sente-se uma aura diferente, uma motivação diferente, já não sou aquele miúdo que só trabalha e trabalha, agora também ganho”, destaca. Sem lesões a travá-lo, mantém-se bem colocado e quer continuar a subir o nível na próxima época.
“Quero ganhar o prólogo na Austrália (Tour Down Under) e a Boucles [de la Mayenne]”. No Down Under, onde inicia a época, corre sob condições diferentes: todos farão o prólogo na bicicleta de estrada. “Se fosse na bicicleta de contrarrelógio dizia-te já que fazia Top 3, mas na de estrada não sei, a sensação é diferente. Na de contrarrelógio curvo bem, o guiador é mais baixo e estás mais perto do chão. Toda a gente curva melhor com a de estrada, mas eu curvo melhor com a de contrarrelógio”.
Ivo Oliveira em competição na temporada de 2025
Oliveira em prova durante a temporada de 2025. @Sirotti
E traça uma meta ambiciosa numa corrida menor do calendário, a referida Boucles de la Mayenne, em França. “Se mantiverem o prólogo é bom para mim, já conheço aquelas curvas todas, já ganhei um ano (2023) e noutro fui segundo atrás…”, diz, apontando por um instante para Benoît Cosnefroy, sentado por perto e agora seu colega de equipa.
Numa equipa em crescimento constante e que não pára de integrar novos talentos, já não chega a Rui e Ivo Oliveira invocarem juventude e potencial para garantir lugar na UAE. Têm de corresponder, e ambos parecem ter abraçado o desafio, cumprindo aquilo que muitos esperavam que alcançassem há anos.
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