Primoz Roglic esteve activo nas duas últimas etapas de montanha da
Volta a França 2025, optando por uma abordagem kamikaze que empolgou os fãs, mas que lhe custou tempo precioso na geral. Aos 35 anos, o esloveno lançou dois ataques de longe em busca de uma vitória numa etapa, acabando por perder mais de 12 minutos e descer do quinto para o oitavo lugar da geral. No entanto, para um vencedor de cinco Grandes Voltas, essa não foi a luta que o motivou.
“Era o tudo ou nada e no final foi quase nada. Mas dei o meu melhor e diverti-me. Pelo menos apareci na televisão. Não apareci no final, mas apareci depois do início da etapa”, brincou Roglic em declarações à TVSLO. Questionado sobre eventuais arrependimentos, foi taxativo: “Não me arrependo de nada”.
Roglic vai terminar a Volta a França pela primeira vez em cinco anos. Desde a traumática derrota frente a Tadej Pogacar em 2020, seguiu-se uma sucessão de abandonos devido a quedas nas edições de 2021, 2022 e 2024. Agora, perante a iminente quarta vitória de Pogacar, Roglic já não corre por camisolas nem pódios, mas por liberdade. Não está focado na classificação geral, mas quer provar que ainda pode fazer a diferença nas montanhas da maior corrida do mundo.
Essa liberdade, contudo, teve um custo... “Roglic teria adorado ganhar a etapa, mas acabou por não resultar”, comentou o diretor desportivo Bernhard Eisel à Eurosport. “Para nós e para os colegas, teria sido ótimo se tivesse terminado em quarto ou quinto da geral, mas conhecemos o seu palmarés e temos de o respeitar. Ele lutou por isso.” Enquanto o quinto lugar em Paris vale 50 mil euros, o oitavo rende apenas 7.600.
Depois de uma Volta a Itália marcada por quedas e pelo abandono, Roglic chegou ao Tour sem grandes expectativas. Mas à medida que os dias foram passando, o esloveno recuperou a sua forma e aproximou-se do nível que o tornou um dos grandes nomes da última década.
Enquanto Roglic tentava as suas aventuras, a equipa concentrou-se em
Florian Lipowitz, que está prestes a garantir o terceiro lugar na geral e a conquistar a camisola branca. “Por vezes, ele não sabe o quão forte é e depois surgem dúvidas. Mas lutou muito e merece-o”, elogiou Eisel. “Esperávamos que o Roglic conseguisse acompanha-los, mas isso não foi possível com um ritmo tão elevado.”
Lipowitz tem sido uma revelação em julho, mostrando consistência e frieza nas grandes etapas. “Depois de ontem, sabia que o Óscar estava muito forte e que tinha de segurar a roda dele. Acho que me saí bastante bem hoje. Claro que estava a pensar muito na última subida. Nunca sabemos como vão estar as nossas pernas, mas senti-me muito bem e quando o vi descolar, dei o meu melhor. Estou muito contente com o dia de hoje.”
O jovem alemão, que nunca tinha experienciado este tipo de aclamação, vive dias intensos. “É inacreditável, mas espero outro dia difícil amanhã, com muitos altos e baixos”, explicou. “Toda a gente vai tentar manter o ritmo, por isso temos de nos manter concentrados. Hoje foi fantástico. Foi incrível ver tantos fãs a aplaudirem-me, ver o meu nome pintado na estrada. Nunca tinha visto isso. Tive arrepios durante a corrida.”