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Volta à Romandia Feminina 2025 coroou Elise Chabbey como vencedora final, mas a narrativa da corrida ficará inevitavelmente ligada à polémica exclusão de cinco equipas à véspera da prova. No centro da discórdia esteve a obrigatoriedade de utilização de localizadores GPS, imposta pela UCI, e a forma como o organismo geriu a comunicação com as formações.
Entre as estruturas afastadas esteve a
EF Education-Oatly, e
Jonathan Vaughters, diretor da equipa masculina da EF Education,
não escondeu a frustração perante a decisão.
“É uma linha na areia. Não gosto do facto de esta ser a linha na areia que tinha de ser. Preferia ter visto as nossas raparigas a correr. De facto, acho que podíamos ter ganho esta corrida, muito francamente.”
O dirigente norte-americano sublinhou ainda o impacto humano sobre ciclistas como Noemi Rüegg: “Estou de rastos e muito triste por ciclistas como a Noemi Rüegg, ex-campeã suíça, que queria muito ganhar esta corrida, que estava super motivada e que a organização estava feliz por ter em prova. É realmente uma pena. Não queria que ela fosse desclassificada.”
“Mais estranho do que ficção”
A tensão atingiu o ponto mais alto poucos minutos antes do arranque da 1ª etapa, quando ficou claro que cinco equipas não seriam autorizadas a alinhar. Para Vaughters, a situação parecia impensável até ao último instante: “Pessoalmente, até cerca de 10 minutos antes do início, pensei: ‘não, eles não vão impedi-las de começar. Isto é ridículo’. Mas quando chegou o momento decisivo, não deixaram as equipas correr.”
Segundo o dirigente, a decisão da UCI não passou apenas pela questão técnica do GPS, mas reflete também um choque mais profundo entre a entidade reguladora e algumas equipas que reclamam maior autonomia. “Sinceramente, não acreditei. Pensei: ‘eles vão escolher uma das ciclistas e colocá-lo numa bicicleta’. E não o fizeram. Trata-se de uma tensão de longa data entre a UCI e aquilo a que chamaria as equipas que se sentem mais fortes em relação aos seus direitos e ao seu posicionamento empresarial no ciclismo.”
Representação em debate
Vaughters lembrou ainda que, nos últimos meses, várias formações se sentiram mal representadas no diálogo institucional com a UCI, o que acabou por agravar a disputa. “No último ano, houve um certo grupo de equipas que não se sentiu muito bem representada na legislação da UCI. É lamentável e, provavelmente, teremos de tentar fazer algumas alterações em relação a quem e qual é a nossa representação.”
O triunfo de Chabbey na Volta à Romandia Feminina acaba assim por ficar em segundo plano, ensombrado por uma das mais polémicas desclassificações coletivas dos últimos anos no pelotão feminino.