A dominante vitória de Tadej Pogacar na
Volta à Flandres 2025 reavivou uma discussão que há muito fervilha nos cafés, fóruns e programas de ciclismo belgas: quando é que
Remco Evenepoel vai alinhar na Flandres? A pergunta voltou a ganhar força no podcast
Wuyts & Vlaeminck, logo após o esloveno conquistar a sua segunda vitória na clássica flamenga, deixando nomes como Mathieu van der Poel e Wout van Aert para trás com um ataque magistral no Kwaremont.
Enquanto o mundo se rendia à exibição de Pogacar, Stijn Vlaeminck partilhava o seu pensamento recorrente:
"Quando vi o Pogacar a acelerar naquelas colinas, pensei: está na altura de vermos o Remco na Volta à Flandres."
Remco Evenepoel já construiu um palmarés que poucos comparam à sua idade: campeão do mundo de fundo, vencedor da Volta a Espanha, duas Liège-Bastogne-Liège, medalhas em contrarrelógio, e a clara ambição de brilhar no Tour. Mas até hoje, ainda não enfrentou a dureza tática, técnica e física do empedrado flamengo.
O antigo profissional e membro da Team Visma | Lease a Bike, Nathan Van Hooydonck, reforçou o desejo dos adeptos:
"Adorava ver um campeão belga na maior corrida da Bélgica. Claro que Remco não nos deve nada, mas a Flandres está à espera dele."
Michel Wuyts, voz histórica do ciclismo na Bélgica, recordou um episódio revelador.
Quando encontrou Evenepoel na E3 Saxo Classic, ouviu-lhe dizer:
"Estou aqui por curiosidade, mas isto não é para mim."
Hoje, Wuyts gostaria de o desafiar: "Faz a corrida uma vez. Sente o ritmo. Se ganhares a Volta à Flandres, a tua reputação em casa atinge outra dimensão. Muito mais do que ganhares a Liège. Parece injusto, mas é assim que o povo vê as coisas."
O antigo patrão da Soudal – Quick-Step, Patrick Lefevere, também já lançou pistas sobre essa possibilidade. "Remco tem alma de Flandrien. Treina nestas estradas. Um dia, acredito que vai querer correr a Volta à Flandres", disse ao La Dernière Heure.
Mas há quem questione se o perfil físico de Evenepoel se adapta à brutalidade das clássicas em paralelo. Ao contrário de Pogacar, cuja leveza é compensada por um motor explosivo, Evenepoel é ainda mais compacto e mais leve, o que pode dificultar o seu desempenho nas secções de empedrado, onde a estabilidade, potência bruta e leitura de corrida são fundamentais.
Pogacar já provou que um trepador com ousadia pode triunfar no Norte.
Será que Evenepoel, o símbolo do ciclismo moderno belga, vai seguir esse caminho?
Por agora, é apenas um desejo — mas o pelotão e os adeptos continuam à espera.