Félix Gall foi talvez o ciclista mais radiante ao cruzar a meta em Superbagneres. O líder da
Decathlon AG2R La Mondiale Team ousou desafiar os melhores trepadores do mundo e colheu os frutos, com um impressionante 4.º lugar na etapa e uma ascensão ao 8.º lugar da classificação geral.
"Eu estava na frente no inicio do Tourmalet quando os ataques começaram e a fuga estava a formar-se", explicou o austríaco, ao recordar o momento em que decidiu ficar com os favoritos. "Pensei por um momento em tentar entrar na fuga também, mas acho que foi uma boa decisão ficar no pelotão."
Quando o grupo dos candidatos à geral chegou à base da subida final, Gall percebeu que a UAE Team Emirates não impunha o ritmo demolidor habitual. Foi o sinal que esperava: lançou-se num ataque ousado, consciente de que arriscava, mas confiante nas sensações que trazia nas pernas. "Foi sempre um pouco arriscado, mas o que fiz hoje na última subida foi um risco calculado", afirmou com firmeza. "Senti-me muito bem e parecia que a Emirates não estava a pedalar a fundo como de costume. Por isso, pensei que talvez pudesse tirar algum tempo a alguns dos ciclistas da geral à minha volta."
Gall foi depois ultrapassado por Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard, mas manteve o ritmo elevado até à meta. O 4.º lugar na jornada rainha dos Pirenéus valeu-lhe uma subida notável na classificação geral, consolidando o seu estatuto entre os melhores deste Tour. "Acho que foi, sem dúvida, o meu melhor dia neste Tour até agora e estou muito feliz por me sentir assim no final da segunda semana", disse com um sorriso rasgado.
O austríaco sente-se cada vez mais à vontade nas grandes montanhas e nota uma mudança clara no ambiente do pelotão: "Eu diria que as coisas acalmaram um pouco. Há muito cansaço no pelotão e sente-se que não é tão louco como nos primeiros dias. Talvez eu também esteja um pouco mais confortável agora. E de certeza que há uma hierarquia estabelecida no pelotão, o que ajuda muito, é menos caótico", concluiu.
A crescer com o passar dos dias, Félix Gall começa a mostrar que pode ser mais do que uma promessa esporádica nas montanhas, a sua ambição é real.