George Bennett afirma que só alguém com uma 'genética irreal' pode ganhar a Volta a França: "A UAE não fazia tantos testes como a Visma"

Ciclismo
quarta-feira, 18 dezembro 2024 a 15:15
georgebennett

O neozelandês George Bennett de 34 anos de idade, corre pela Israel - Premier Tech e afirmou que teve a sua melhor época de sempre este ano, mas que não esteve próximo do nível exigido para ter os resultados que obtidos nos seus tempos na UAE Team Emirates e na Team Visma | Lease a Bike. Ele que é um dos poucos ciclistas que esteve nas duas equipas que têm dominado a cena nos ultimos anos, começou por falar sobre a politica de contratações das suas anteriores equipas.

"As pessoas gostam sempre de dar esta mística romântica aos ciclistas que são geneticamente muito talentosos. Dizem que este tipo psicologicamente é como uma fortaleza ou algo do género. É um mito. É a genética", diz Bennett numa entrevista honesta e direta à Rouleur. "É quem tem um motor enorme. Podemos encontrar um ciclista que trabalhe mais do que estes tipos e mesmo assim não irá ser tão bom como eles. Conheço muito bem alguns destes ciclistas da classificação geral e já me sentei à mesa com eles e certificava-me de que acabavam o pequeno almoço, porque estavam muito nervosos antes de uma corrida. Depois tornam-se campeões da Volta a França".

O treino e todos os aspectos envoltos para se poder ser um ciclista profissional são fundamentais, mas Bennett não tem nenhuma ilusão de que a genética é o que faz a maior diferença, quando se trata de comparar ciclistas profissionais que treinam de forma semelhante. "Não me pode dizer que eles são ninguém os destrói mentalmente, pois não é verdade. Apenas têm uma genética irreal. A biologia está do lado deles e isso é uma verdadeira lotaria. As pessoas querem que eles sejam Deuses, que façam 40 horas por semana à chuva. Não estou a dizer que não trabalhem arduamente, mas não é que os quatro melhores ciclistas do mundo sejam os quatro ciclistas que mais trabalham no mundo".

O experiente ciclistas também sublinha como são fundamentais certas coisas para que diferentes ciclistas se sintam motivados ao longo do ano, no que diz respeito às corridas, aos treinos ou à nutrição... "Penso que é preciso descobrir o que é importante para nós. Para alguns, o mais importante é ter uma equipa de luxo, com um autocarro luxuoso e um voo em classe executiva. Para outras pessoas, o mais importante é andar com os amigos ou ter um bom calendário de corridas".

Bennett terminou em segundo lugar na Il Lombardia em 2020, mas desde então tem lutado para obter os mesmos resultados. Este ano, teve alguns bons desempenhos, como o terceiro lugar no Giro d'Abruzzo, outro pódio na Volta a Sibiu, 12º na Clásica San Sebastián e esteve na luta por um Top-10 na Volta à Catalunha e na Volta à Suíça. Mas a sua potência não lhe permite obter os mesmos resultados num pelotão que evolui a grande velocidade.

"Estou bastante satisfeito com a potência que tenho, o que é bom, porque toda a gente me disse que iria piorar à medida que os anos passam. Não acredito nisso, acho que as pessoas ficam menos motivadas, ou têm filhos ou a sua vida muda", argumenta. "Não creio que, a nível biológico se fique pior. Talvez fiquemos um pouco mais lentos com os músculos de contração rápida nos sprints, mas não há nada que sugira que a nível celular fiquemos piores. Penso que muito do que acontece é situacional ou emocional".

Bennett passou sete temporadas na equipa Visma e duas nos Emirados Árabes Unidos, tendo trabalhado com ciclistas como Tadej Pogacar e acompanhado o crescimento de talentos como Primoz Roglic e Jonas Vingegaard. O ciclista conheceu uma diferença significativa no que diz respeito aos hábitos de equipa para equipa. "Os Emirados Árabes Unidos não fizeram tantos testes como a Jumbo. A equipa apenas foi buscar ciclistas e conquistou bons resultados nas corridas, porque tinha orçamento para isso";

Ele também partilha algo que é particularmente difícil na vida de um ciclista profissional, que é equilibrar o trabalho com o tempo em família. "Eu vou a casa ver a minha família durante seis semanas por ano. É um momento precioso, quando vamos a casa ver toda a gente. Se passarmos bem esse período, sinto que conseguimos armazenar energia emocional suficiente para aguentar o ano inteiro";

Bennett conta que podia ter deixado a equipa israelita mas optou por ficar, pois procura ter liberdade para perseguir os seus próprios resultados. "Olho para as opções que tinha em cima da mesa para este ano e podia, sem dúvida, ter aceite o dinheiro e ido para uma equipa onde continuaria a fazer o que estava a fazer".

"Em vez disso fui para uma equipa Pro Continental e coloquei-me num ambiente que é o melhor para voltar a ser bom. Penso que essa é a opção mais interessante. Continuo a adorar o ciclismo e sinto que o poderia fazer durante mais 10 anos. Gosto muito de tudo, mas é muito melhor quando estamos bem, é horrível quando estamos mal e temos medo de correr. Quando estamos bem, mal podemos esperar para correr. É um prazer", concluiu.

aplausos 0visitantes 59

Solo En

Novedades Populares

Últimos Comentarios