Greves na Serra Nevada ameaçam preparação de várias equipas para a Volta a França

Ciclismo
sábado, 19 abril 2025 a 9:00
Landscape TA 2022
A Serra Nevada, um dos destinos mais procurados pelos ciclistas para estágios em altitude antes da Volta a França, poderá estar invulgarmente silenciosa nas próximas semanas. Com a neve prestes a recuar e a abrir caminho para os treinos em altitude, surge um novo obstáculo: uma greve iminente dos trabalhadores do setor hoteleiro da região ameaça complicar a preparação de várias equipas WorldTour.
“Não podemos continuar assim”, disse Carlos Aranguren, representante da UGT (Unión General de Trabajadores), ao Cyclingnews. “Numa negociação, tem de haver cedências de ambas as partes. O centro está a esta altitude por uma razão, mas nós temos de subir e descer todos os dias. Isso tem um impacto na nossa saúde.”
A UGT exige um reconhecimento económico adicional para os funcionários que trabalham nas instalações de altitude, nomeadamente no CAR (Centro de Alto Rendimento) da Serra Nevada. Aranguren argumenta que, ao contrário dos ciclistas e desportistas que beneficiam dos efeitos fisiológicos de permanecer dias ou semanas em altitude, os trabalhadores têm de enfrentar deslocações diárias para cima e para baixo, o que, segundo ele, provoca efeitos contrários à saúde.

Um cenário em ebulição às portas de maio

Segundo dados da UGT, o número de utilizadores da Serra Nevada para estágios em altitude aumentou 400% desde 2015. O mês de maio é, historicamente, o mais concorrido, sendo nesta fase que as principais equipas se preparam para o grande objetivo de julho.
“O ciclismo é um dos desportos com maior peso aqui, ao lado da natação. Muitos ciclistas não ficam alojados diretamente no CAR, mas usam as instalações e refeições quase diariamente”, explicou Aranguren. “Só no próximo mês, espera-se uma afluência diária enorme de atletas a treinar no exterior.”
Apesar da importância económica do sector, os trabalhadores continuam sem ver os seus pedidos atendidos. As propostas da UGT para um bónus específico relacionado com os impactos da altitude foram, até agora, rejeitadas pelos empregadores.
“Temos mais um protesto agendado para 23 de abril”, avisou o sindicalista. “Depois disso, iniciaremos um ou dois dias de greve já em maio. Mas se não houver resposta, vamos intensificar. A este ritmo, são os patrões que terão de subir à Serra Nevada todos os dias.”

Impacto no pelotão?

Ainda é incerto que impacto concreto estas greves poderão ter nas equipas que já têm marcado estágio na Serra Nevada. Mas com o tempo a apertar e os programas de preparação a afunilar, qualquer perturbação poderá levar algumas formações a optar por alternativas.
Entre a exigência de rendimento desportivo e as condições laborais dos que tornam possível o dia-a-dia dos centros de alto rendimento, a Serra Nevada pode estar prestes a ser palco de uma batalha... que não se trava nas pernas.
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