Os critérios organizados pela Volta a França são, sem dúvida, "combinados". Os resultados são planeados de antemão, não com a intenção de enganar o público, mas sim de dar mais espetáculo às grandes estrelas e aos eventos. São corridas que dividem bastante a opinião pública, e
Thijs Zonneveld critica diretamente a falta de autenticidade da última corrida de
Mark Cavendish, que poderia ter-se retirado na corrida que marcou a sua carreira: a Volta a França.
"Mark Cavendish, o melhor velocista de todos os tempos, despediu-se do ciclismo no passado fim de semana. Para o efeito escolheu o, deixem-me ver, Criterium de Singapura. Mas por muito que ele (juntamente com alguns colegas sprinters) tenha tentado fazer com que parecesse épico, icónico e histórico, não resultou", disse Zonneveld numa coluna para
AD. Tal como aconteceu no Critério de Saitama na semana anterior, foi evidente que os ciclistas seguiram um plano para permitir que Cavendish ganhasse a sua "última corrida".
Embora não apareça na folha de resultados de nenhum website de resultados - não é uma corrida oficial - este evento acaba por ser considerado a última corrida da carreira do "Manx Missile". Cavendish conquistou, depois de década e meia de luta e de anos de emoções de montanha russa na década de 2020, a sua 35ª vitória na Volta a França. E conseguiu sobreviver às montanhas para chegar a Nice. Na opinião de Zonneveld, esse teria sido o local ideal para terminar a sua carreira, uma vez que até foi homenageado no pódio no final da corrida.
Em vez disso, após meses de indecisão e sem corridas, só este sábado é que a equipa Astana Qazaqstan anunciou que se iria retirar e que a sua última prova seria em Singapura, no dia seguinte. Naturalmente, foi-lhe dado o destaque e ganhou o sprint na corrida. "Mesmo na entrevista que se seguiu, em que tentou parecer emocionado, ficamos com a sensação de estar a assistir a uma encenação amadora", argumenta Zonnveld. "Em quase todos os criterios profissionais, o resultado está predeterminado. Os maiores (e mais caros) nomes estão no pódio, os outros são figurantes."
"Claro que teria sido melhor se ele se tivesse despedido na noite da sua 35ª vitória na etapa do Tour. No local, por detrás de uma mesa de fórmica de um hotel francês. Ter-nos-íamos todos lembrado dele para sempre? Também podia ter parado depois da última etapa do Tour em Nice", defende. No domingo, as redes sociais foram inundadas por comentários sarcásticos sobre os resultados e críticas sobre o "planeamento" dos resultados da corrida, que foram considerados uma forma barata de acabar com um legado tão brilhante.
"... Em vez disso, vendeu a sua despedida. Um último pagemento numa corrida falsa no outro lado do mundo, como Elvis a fazer um último passeio pelos casinos obscuros de Las Vegas antes de o seu corpo se render. Mas, de certa forma, também fica bem a Cavendish. Ele tem tantas caras. A de um campeão imparável, mas também a de um kamikaze", concluiu.