"Já não se podem expor factos?" Jan Bakelants reacende debate sobre espaço para críticas no ciclismo feminino

Ciclismo
quinta-feira, 02 outubro 2025 a 19:00
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O antigo profissional e atual comentador Jan Bakelants trouxe à tona uma questão sensível que tem marcado o pós-Campeonato do Mundo: até que ponto ainda é permitido criticar o ciclismo feminino sem ser acusado de estar a ser hostil?
No mais recente episódio do programa Wielerclub Wattage, Bakelants admitiu sentir frustração com aquilo que considera ser um ambiente cada vez mais limitado para a análise crítica. “Depois de algum tempo, começa a parecer que só se pode ter uma opinião se for unanimemente positiva sobre o ciclismo feminino”, afirmou. “Já não é permitido expor os factos. Mas certamente que temos o direito de questionar a forma como as coisas se estão a desenrolar?”

O eco das palavras de Marijn de Vries

O debate surgiu após uma reflexão da ex-profissional Marijn de Vries, que apontou para a dualidade de critérios no ciclismo. Segundo ela, desempenhos dominadores no pelotão masculino são dissecados e muitas vezes alvo de críticas, enquanto conquistas semelhantes no feminino parecem ser intocáveis e blindadas contra qualquer questionamento.
O apresentador Ruben Van Gucht traçou um paralelo entre o atual domínio de Tadej Pogacar e a supremacia de Annemiek van Vleuten há alguns anos. Na época, não faltaram vozes a afirmar que Van Vleuten se destacava mais pela “falta de qualidade do pelotão” do que pela sua própria superioridade. Bakelants reconheceu que vê sinais de uma situação semelhante agora.
“Não quero provocar uma polémica, mas estou de acordo com isso. É simplesmente a situação atual da modalidade”, disse o belga.
Também presente no debate, Tom Boonen destacou a dificuldade do tema. “Vivo numa casa cheia de mulheres. Há discussões que simplesmente não consigo vencer. Temos de as deixar passar”, comentou.
Já Dirk De Wolf preferiu encerrar o assunto com prudência. “Continuaremos atentos ao que se passa, mas não vamos alongar-nos em comentários públicos.”

O dilema: entusiasmo ou análise crítica?

As observações de Bakelants deixam em aberto uma questão central: como equilibrar a promoção e valorização do ciclismo feminino com a possibilidade de uma crítica construtiva e informada? Para adeptos e analistas, a dúvida é pertinente - será possível manter um espaço para discussões robustas sem receio de represálias, ou corre-se o risco de ver qualquer crítica honesta silenciada em nome de uma positividade absoluta?
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