Johan Bruyneel falou no podcast Lance Armstrong The Move, no YouTube, sobre a chegada da
Jumbo-Visma à Volta à Espanha, com
Jonas Vingegaard e
Primoz Roglic a trabalharem para
Sepp Kuss, e sobre as hipóteses nulas de ciclistas como Juan Ayuso ou Enric Mas fazerem algo de significativo na corrida.
O antigo diretor desportivo da US Postal acredita que Jumbo fechou as feridas nestas últimas etapas, controlando claramente a corrida para que Sepp Kuss ganhasse a Volta à Espanha: "Houve críticas depois das etapas 16 e 17, especialmente depois do Angliru, ontem falámos sobre as declarações de Primoz e penso que antes da penúltima etapa ele pôs as coisas em ordem ao afirmar que está feliz por Kuss, que é um bom amigo e que concorda com a estratégia da equipa".
"A fotografia com os três a entrar na meta de mãos dadas mostra o que isto significou para eles. Penso que agora é claro que estávamos a especular do lado de fora, mas não sabíamos o que se passava no interior. No outro dia foi Jonas que marcou o ritmo para Kuss na última subida e hoje (ontem) foi Primoz que controlou intencionalmente a corrida em El Escorial".
O sucesso da equipa holandesa é retumbante e, por vezes, de fora, não vemos as coisas como elas acontecem no interior: "Penso que, por vezes, criticamos de fora, mas, no fim de contas, estes são ciclistas que correm para ganhar e algumas situações são difíceis de aceitar, mas, para além de tudo, são profissionais. É incrível o que fizeram, ganharam as 3 grandes voltas e terminaram com os 3 no pódio da Volta à Espanha".
Uma circunstância interessante é que foi a próprio Jumbo que criou o caos: "Há muitos artigos que falam do Jonas a dizer, depois do segundo dia de descanso, que a corrida era para o Kuss e que era a equipa que continuava a deixá-la em aberto, algo com que o Roglic concordava. Penso que as críticas nas redes sociais tiveram um impacto na questão, mas no final tudo acabou da melhor forma possível.
É embaraçoso para as outras equipas verem o que aconteceu? "É claro, vendo o que aconteceu em Angliru, que os 3 ciclistas mais fortes fugiram e ninguém os conseguiu seguir. Ayuso não conseguiu, Mas não conseguiu e Landa só no início. É algo único, mas a única surpresa é mesmo o Kuss, acho que todos acreditávamos que o Jonas e o Primoz iam estar no degrau mais alto do pódio.
Sobre se poderia ter acontecido algo com Alberto Contador que não aconteceu com Juan Ayuso e Enric Mas:
"Estavam felizes por lá estarem. Ayuso tentou algumas vezes, Enric disse que estava vazio... Não tiveram pernas para isso. A realidade é dura. Mas Primoz e Jonas são dois dos três ciclistas mais fortes do Tour e Pogacar não estava cá. É frustrante, mas o que é que se pode fazer? Não deve ser muito motivador ver a lista de inscritos da Jumbo-Visma em Barcelona e pensar no que se vai fazer."
Artigo traduzido por Miguel Martins