Com a época de 2023 a chegar ao fim, a carreira de Jos van Emden como ciclista profissional também chegou ao fim. Antes de assumir o seu novo papel como treinador da equipa feminina, o antigo ciclista de 38 anos refletiu sobre o seu último ano no pelotão.
Foi um ano que começou de forma tumultuosa, como revela em conversa com o podcast De Rode Lantaarn. "Recebi o meu programa para este ano e não fiquei nada satisfeito", explica van Emden. "Depois também ouvi o que os outros rapazes iam correr e quais eram os objetivos da equipa, por isso, de repente, pensei: esta já não é a minha equipa, na qual corri durante anos. Achei que tinha de dar o alarme. Por isso, escrevi uma carta".
A razão desta agitação? O projeto da Jumbo-Visma de conquistar as três Grandes Voltas e os sacrifícios que isso implicava. "Havia várias coisas: rapazes que não iam correr uma Grande Volta, porque queriam ganhar as três. No papel, parecia-me bem, mas na prática... era um objetivo tão grande que quase se tornou irrealista", analisou.
"Foram feitos muitos sacrifícios que não têm reparação", continua. "Por exemplo, Olav Kooij, que merecia uma Grande Volta. Mas Gijs Leemreize, que competiu três vezes por uma vitória de etapa no Giro, também não ia correr uma Grande Volta. Sempre treinámos os ciclistas para um nível superior e isso desapareceu completamente. Nenhum desses jovens chegou a correr uma Grande Volta".
"A reação inicial não foi a que eu esperava, porque o escrevi com as melhores intenções. Foi logo no início da época e eu queria ter mais um bom ano", recorda. "Foi o que eu disse: Merijn, presumo que só queres homens que aceitem".
No entanto, Merijn Zeeman acabaria por dar razão à Jumbo-Visma, que completou o hat-trick. "Mandei-lhe uma mensagem a dizer: 'não falamos mais sobre isso'", ri-se van Emden. "E agora ele também me cita em entrevistas!"