Laurent Jalabert foi o ultimo francês a vencer uma das denominadas Grandes Voltas... há 29 anos. Os franceses que, tal como os italianos e os espanhóis dominaram a cena nas Grandes Voltas no século XX, atravessam nos dias de hoje um período de 'seca'. Hoje em dia, são países como a Eslovénia de Tadej Pogacar e Primoz Roglic que dominam em parte as Grandes Voltas. Jalabert falou destas mudanças, da principal esperança da França e muito mais numa entrevista à Marca.
"Todas as épocas há um ciclista que aparece na cena e agora é o Pogacar, que é um fenómeno", disse Jalabert. "Mas ele não está sozinho. Há outros ciclistas que lhe podem fazer frente e que já o fizeram no passado. Tudo pode acontecer nas corridas. Pogacar é agora o mais forte, mas nunca se sabe quanto tempo poderá durar esse domínio", diz. No ano passado, o pequeno país de cerca de 2 milhões de habitantes ganhou as três Grandes Voltas, um contraste enorme quando comparados com a França e a Espanha, que no século passado ganharam imensas vezes e agora tentam lutar para o conseguir novamente.
Questionado pelo jornal espanhol, o francês faz a comparação. "Fui o último francês a ganhar uma Grande Volta e isso foi em 1995, por isso estamos pior do que os espanhóis", brinca. "Em Espanha há sempre bons ciclistas. Agora também há, mas ganhar uma Grande Volta é outra coisa. O Ayuso e o Carlos Rodríguez poderão consegui-lo, especialmente Juan. O que acontece é que no ciclismo atual, que é mais explosivo, há muita competição. É preciso ser-se um grande campeão e não apenas um bom ciclista".
Thibaut Pinot e Romain Bardet prometiam muito, até Jean-Cristophe Péraud terminou em segundo na Volta a França há 10 anos, enquanto em 2011 e 2019 os desempenhos de Thomas Voeckler e Julian Alaphilippe foram largamente inspirados pelas multidões e chegaram a prometer conseguir uma vitória. Atualmente o país não está perto de ter ciclistas que sejam candidatos como em 2010, tendo talvez em David Gaudu como grande esperança.
Jalabert espera que o jovem talento Lenny Martínez possa suceder a Jalabert. "Esperemos que este novo campeão francês de uma Grande Volta já esteja no pelotão. O Lenny Martínez promete muito, mas o caminho é difícil para todos. Veremos se ele é capaz de chegar mais alto do que está agora". Há outra grande estrela a crescer na Decathlon, Paul Seixas (que se juntou ao World Tour aos 18 anos), mas poderá tornar-se perigoso em termos de pressão para estes jovens ciclistas, como vimos com Remco Evenepoel nos seus primeiros anos.
"Mas o importante é que agora está de boa saúde. Penso que há cada vez mais adeptos. É mais explosivo do que no meu tempo, embora cada época tenha os seus encantos. Já não era sem tempo".
Jalabert esteve presente na apresentação do percurso da Volta a Espanha, a corrida que venceu em 1995, e falou sobre o seu optimismo em relação à corrida e à sua potencial lista de participantes para este ano: "A verdade é que tenho estado um pouco desligado da Vuelta ultimamente. Sei que tem progredido, mas estou ansioso por acompanhar esta nova edição. Como vimos na apresentação, há etapas novas e interessantes. Penso que será mais uma boa oportunidade para ver alguns dos melhores ciclistas do mundo".
A nível pessoal, o francês de 56 anos continua activo e é também uma figura importante no panorama do ciclismo dentro de portas. "Treino várias vezes por semana, apenas para manter a boa disposição e para me sentir bem. Continuo a ter prazer nisso".