Patrick Lefevere não esconde a apreensão com os primeiros dias da
Volta a França de 2025, que se avizinha com um percurso inicial técnico e nervoso. Embora já não esteja formalmente à frente da
Soudal - Quick-Step, o dirigente belga continua muito atento ao que acontece com
Remco Evenepoel, ciclista que ajudou a lançar e desenvolver desde os seus primeiros dias como profissional.
Em declarações ao jornalista Daniel Benson, Lefevere mostrou-se particularmente preocupado com os riscos inerentes às primeiras etapas da Grande Boucle, que arranca este sábado em Lille.
"Espero que ele consiga manter-se na bicicleta, porque as primeiras etapas vão ser muito nervosas e complicadas", começou por dizer o veterano de 70 anos. "Todos querem ganhar em Lille na 1ª etapa, porque sabem que, se ganharem, terão a camisola amarela. Vamos ver os ciclistas da geral a lutarem para não perderem tempo e as equipas de sprinters a tentarem fazer ultrapassagens. Receio que seja muito caótico. Esperamos ganhar a primeira etapa com o Tim Merlier e ficar com a camisola amarela e, depois, se o Remco conseguir ganhar o primeiro contrarrelógio, também pode ficar com a camisola".
Evenepoel tem sido muito afetado por quedas ao longo da sua carreira
A ambição é clara, mas também os receios. Lefevere sabe que esta edição do Tour é decisiva para a afirmação de Evenepoel como verdadeiro candidato ao título e, ao mesmo tempo, poderá ditar muito do seu futuro dentro da estrutura belga. Apesar do carinho declarado pelo projeto, Remco nunca escondeu que o apoio da equipa nas montanhas continua a ser um ponto crítico e essa fragilidade voltou a estar em destaque nos últimos meses.
Ao olhar para os principais rivais do jovem belga, o contraste é evidente. Tadej Pogacar chega ao Tour com uma UAE Team Emirates - XRG recheada de talento e profundidade: Adam Yates, João Almeida, Pavel Sivakov e Tim Wellens formam um bloco sólido e experiente, construído para o sucesso coletivo. Por sua vez, Jonas Vingegaard conta com uma Team Visma | Lease a Bike onde alinham Simon Yates, Matteo Jorgenson, Sepp Kuss e Wout van Aert. Equipas que não apenas protegem os seus líderes, como criam pressão estratégica constante nos rivais.
Já na Soudal - Quick-Step, as opções são mais limitadas. A ausência de Mikel Landa, devido a uma lesão sofrida na Volta a Itália, deixa um vazio importante. Foi o espanhol quem mais ajudou Evenepoel a conquistar o pódio em Paris no ano passado, e sem ele o peso recai ainda mais sobre jovens como
Ilan Van Wilder e figuras com menos provas dadas em corridas de três semanas.
As fragilidades da estrutura ficaram patentes no recente Critérium du Dauphiné, onde Evenepoel foi frequentemente visto sozinho nas subidas, sem o habitual apoio de colegas de equipa nos momentos decisivos. Uma realidade que pode voltar a repetir-se em julho, especialmente nas etapas de montanha dos Alpes e Pirenéus.