Lotte Kopecky, a dupla campeã do mundo, vai começar a sua temporada este fim de semana na Milan-Sanremo. Em declarações à Wieler Revue, Kopecky partilhou os seus pensamentos sobre a dinâmica em evolução no pelotão, a mudança do equilíbrio de poder e a excitação em torno da edição inaugural feminina de 'La Primavera'.
Uma das mudanças mais notórias no ciclismo feminino esta época está a ser um maior equilíbrio de forças entre as equipas, afastando-se do domínio da Team SD Worx - Protime verificado nos anos anteriores. Embora a SD Worx tenha sido uma força esmagadora nas últimas épocas, Kopecky reconhece que o novo equilíbrio pode ser benéfico para a modalidade em geral.
"Estou ansiosa para que comece. Vai ser muito interessante ver como tudo isto se vai desenrolar. Penso que poderá ser um ano muito bom para o ciclismo feminino. A qualidade está muito mais bem distribuída por todas as equipas e isso vai resultar em grandes corridas. De certa forma, foi bom termos sido a equipa dominante, claro, mas isto é melhor para o panorama do ciclismo em geral".
Kopecky admite que houve corridas no passado em que ela sentiu que a SD Worx era quase intocável, mas reconhece que essa Era acabou. "Houveram corridas em que pensei: teria de correr muito mal para que hoje não fosse para nós. Esse tempo já passou. Continuo bem rodeada nas clássicas flamengas. Perdemos a Demi e a Reusser, mas ela também não correu muito no ano passado. Temos de continuar a concentrar-nos em nós próprias e penso que continuamos a ter uma equipa muito forte e qualitativa".
Apesar de terem perdido ciclistas importantes como Demi Vollering e Marlen Reusser, Kopecky continua confiante na força da sua equipa, em especial nas clássicas flamengas, onde tem sido uma das mais fortes.
Para além da mudança na dinâmica das equipas, um dos maiores passos dados este ano é a introdução no calendário da Milan-Sanremo feminina, uma adição que há muito era esperada. Para uma corrida com uma história e prestígio tão ricas, ter finalmente uma edição feminina é um marco importante para a modalidade, mas Kopecky acredita que ainda há espaço para melhorias na corrida, no que diz respeito `extensão e ao desafio geral da corrida.
"É sem dúvida divertido. De certa forma, acho que é uma pena que o número de quilómetros não seja longo. O final será provavelmente o mesmo, mas também espero que o número de quilómetros faça mossa. Assim, a prova teria o mesmo carácter que a corrida masculina. No que me diz respeito, a corrida poderia ter 200 quilómetros. Então fazer a diferença no Poggio seria mais fácil".
O apelo de Kopecky para uma corrida mais longa destaca um debate em curso no ciclismo feminino: como garantir a paridade com o calendário masculino sem simplesmente replicar todas as corridas da mesma forma. Em suma, como é que o pelotão feminino pode ser único e, ao mesmo tempo, partilhar os mesmos percursos lendários que os homens?
Enquanto se prepara para a sua estreia nesta época, Kopecky encontra-se no centro de um desporto em transição, com novas dinâmicas de equipa, novas rivalidades e com a introdução de corridas históricas. Embora a SD Worx já não domine o panorama feminino por defeito, ela continua a ser uma das ciclistas mais fortes e versáteis do pelotão, que faz dela uma candidata chave em qualquer corrida importante em que esteja na linha de partida.
Claro que este ano a dupla campeã do mundo tem uma dinâmica extra... a Volta a França Feminina. Este ano, veremos Kopecky a tentar ganhar a tão ambicionada camisola amarela, mas será que as suas ambições para lutar pelas classificações gerais terão impacto nas suas capacidades nas clássicas?