Na era moderna, poucos sprinters tiveram o impacto que
Marcel Kittel teve na sua curta passagem pelo pelotão do World Tour. Apesar de ter corrido apenas nove Grandes Voltas numa carreira que durou menos de uma década ao mais alto nível, o alemão causou um impacto duradouro com as suas prestações. Assim sendo, quem melhor para analisar a atual geração de sprinters?
"O que eu acho interessante é o facto de já não ser suficiente ser apenas um bom sprinter. O
Jasper Philipsen é muito bom nas corridas de um dia, o
Tim Merlier tem experiência em ciclocrosse e o
Jonathan Milan é um ciclista de pista incrível", diz o vencedor de 14 etapas da Volta a França, de 36 anos, em citações recolhidas pelo
Velo.
Em termos de quem é mais rápido, Kittel vê um grande destaque: "A meu ver, neste momento é Jasper Philipsen. Ele é o melhor. Mas é claro que isso pode mudar", determina o alemão. "Ele mostrou que não é apenas bom em Grandes Voltas e a ganhar a camisola verde, mas acho notável como ele pode ganhar a Sanremo e fazer muito bem a Roubaix. É um sprinter que sobe muito forte e é realmente feito para esta próxima fase do ciclismo profissional moderno, onde é exigido muito de si."
Mas isso não quer dizer que o belga seja o único que chama a atenção de Kittel. Em Jonathan Milan, da Lidl-Trek, Kittel vê alguem semelhante a si próprio: "É um tipo muito robusto. Grande e alto e tem um estilo de sprint muito particular", diz Kittel sobre o duas vezes vencedor da Maglia Ciclamino. "Mexe-se muito na bicicleta - não lhe chamaria bonito - e num sprint este ano registou 2000 watts no final de uma etapa. Isso é realmente incrível."
"Penso que estes três elementos representam os melhores sprinters do momento, mas o Tim tem 32 anos, pelo que está numa situação diferente", acrescenta Kittel. "Também tenho algumas dúvidas sobre a forma como Merlier lida com a situação de estar na mesma equipa que Remco Evenepoel, porque isso significa que não pode ir à Volta a França. Posso pensar que ele [Merlier] poderá ter outras oportunidades noutras equipas".
No entanto, nenhum dos três acima mencionados conseguiu pôr as mãos na Camisola Verde na Volta a França de 2024, com essa honra a ir para
Biniam Girmay. "Quando se ganha a camisola verde no Tour e três etapas, dizer que ele não é um dos melhores seria não mostrar respeito. Mostrou no maior palco do ciclismo que pode vencer qualquer um e que pode, sem dúvida, cumprir o seu papel", avalia Kittel, que nunca conseguiu conquistar a emblemática camisola, numa época dominada por Peter Sagan. "Mas acredito que se ele enfrentasse Merlier, Philipsen e Milan na mesma corrida, a história seria diferente. Seria um desafio diferente para ele em termos de velocidade e não o vejo ao mesmo nível."