Às vésperas do seu regresso à
Volta a França,
Mathieu van der Poel viu-se envolvido numa polémica fora das estradas, após anunciar uma nova parceria com a empresa de aviação privada Flying Group. O campeão do mundo de estrada, conhecido também pelo seu impacto em várias disciplinas do ciclismo, partilhou o anúncio nas redes sociais, mas rapidamente se viu confrontado com críticas por parte dos seus próprios apoiantes.
"Estou entusiasmado por partilhar que sou embaixador do Flying Group", escreveu Van der Poel no Instagram. "Orgulhoso de representar uma empresa que está a elevar o mundo da aviação privada". A parceria surge no seguimento de outros acordos de patrocínio com marcas de luxo como a Lamborghini, consolidando a imagem do neerlandês como figura cobiçada fora das competições.
Contudo, a associação ao setor da aviação privada não agradou a todos os fãs, com vários comentários a expressar desagrado por questões ambientais. “Apanha o comboio e dá o exemplo”, escreveu um seguidor. Outro acrescentou: “Admiro-te muito como desportista! Mas talvez também penses um pouco no nosso ambiente e o incluas numa ou noutra parceria? Lembra-te que és um exemplo para tantos (jovens) ciclistas!”
Diante da crescente onda de críticas, Van der Poel decidiu reagir publicamente, num tom ponderado mas firme. “Vi algumas das reacções e quero falar abertamente sobre a minha parceria com o Flying Group como um parceiro sustentável. Compreendo as preocupações ambientais e respeito a opinião de todos”, começou por afirmar o líder da
Alpecin-Deceuninck.
Reconhecendo os dilemas inerentes à sua escolha, Van der Poel justificou-se com as exigências específicas do seu calendário competitivo: “Para o meu desporto e carreira, a forma como viajo é importante. Trabalho arduamente todos os dias para atingir o meu melhor nível, o que significa fazer escolhas que protejam o meu tempo, a minha saúde e a minha paz de espírito.”
Sublinhando que a parceria não tem a ver com ostentação, mas sim com rendimento, esclareceu o neerlandês: “Voar relaxado, com menos stress e exposição, ajuda-me a manter a concentração e a saúde. Esta parceria não tem a ver com luxo, tem a ver com desempenho, recuperação e o tipo de apoio que me ajuda a dar 100% de cada vez que apareço.”
Num desfecho conciliador, Van der Poel reiterou que procura agir de forma consciente: “Tento sempre fazer escolhas responsáveis sempre que posso, mas também mantenho o compromisso que assumi com os meus objectivos. Obrigado a todos os que compreendem.”
A resposta de Van der Poel poderá não convencer todos os críticos, mas demonstra um esforço para equilibrar as exigências do desporto de alta competição com as expectativas éticas de uma audiência cada vez mais atenta à pegada ambiental dos seus ídolos. No horizonte, porém, está o desafio que realmente importa: a Volta a França, onde Van der Poel voltará a ser um nome a ter em conta nas etapas de maior explosividade.