Mauro Gianetti sobre o surgimento de Tadej Pogacar: "Desde o primeiro dia, sabiamos que ele era diferente"

Ciclismo
quinta-feira, 19 junho 2025 a 16:00
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Mauro Gianetti, diretor da UAE Team Emirates - XRG, abriu o livro sobre o início da carreira de Tadej Pogacar numa entrevista intimista concedida à revista neerlandesa RIDE Magazine. Com a autoridade de quem acompanhou de perto os primeiros passos do fenómeno esloveno, Gianetti revive o momento em que se aperceberam de que estavam diante de um talento raro e o que, desde logo, o diferenciava do resto do pelotão.
“O nosso diretor desportivo, Joxean Matxin, já seguia o Tadej há algum tempo”, começa por recordar Gianetti. “Ele tinha visto algo nele muito antes do mundo do ciclismo ter notado.”
Esse interesse ganhou nova força em 2018, ano em que Pogacar venceu de forma arrasadora o Tour de l’Avenir, corrida reconhecida como o principal trampolim para as futuras estrelas do ciclismo mundial. “Ganhou o Tour de l’Avenir nesse ano de forma absolutamente dominante, e fê-lo sem o apoio de uma equipa”, sublinha Gianetti. “Pouco tempo depois, encontrei-o pela primeira vez na nossa sede em Milão. Foi aí que assinámos o seu primeiro contrato.”
Tadej Pogacar já venceu a Volta a França 3 vezes: 2020, 2021 e 2024
Tadej Pogacar já venceu a Volta a França 3 vezes: 2020, 2021 e 2024
Apesar de ter apenas 19 anos, Pogacar deixou uma marca imediata na estrutura da Emirates. “Desde o início, ficou claro que ele tinha algo de especial”, prossegue o dirigente. “Tinha uma mente aberta, uma curiosidade viva e uma enorme vontade de aprender. Era jovem, mas surpreendentemente seguro de si próprio. Já sabia exatamente o que queria.”
Na mesma altura, a UAE estava em negociações com vários talentos emergentes, entre eles Brandon McNulty, Mikkel Bjerg, João Almeida e Marc Hirschi. Ainda assim, Gianetti afirma que havia um nome que sobressaía. “Tadej era, de longe, o mais maduro. Destacou-se em todos os aspetos.”
Mais do que os números, foi a atitude do jovem esloveno que captou a atenção da equipa. “Não era uma pessoa que precisasse de falar muito”, explica Gianetti. “Ouvia atentamente, absorvia tudo e tinha uma rara capacidade de compreender rapidamente a dinâmica de cada situação. Fazia sempre as perguntas certas: ‘O que é que eu posso fazer melhor?’, ‘Como é que devo abordar isto?’ Havia nele uma energia tranquila, uma confiança que não era arrogante, mas firme. Pensávamos: 'este tipo vai ser um campeão.'”
Segundo Gianetti, Pogacar ainda tinha quatro quilos a mais do que o seu peso ideal na altura, mas nem isso o impedia de ultrapassar os melhores trepadores do seu escalão. “Mesmo com essa margem física, já conseguia fazer diferenças impressionantes”, aponta.
Questionado sobre a sensação de descobrir um talento deste calibre, Gianetti foi buscar uma comparação inesperada, mas reveladora: “Fez-me lembrar a primeira vez que conheci Roger Federer, nos Jogos Olímpicos de Sydney. Ambos fazíamos parte da equipa olímpica suíça. Federer tinha apenas 18 anos e era o número 34 do mundo, mas quando falávamos com ele, percebia-se que havia ali algo de extraordinário. Tive exatamente a mesma sensação com o Tadej.”
Um talento especial, que a UAE identificou cedo, soube nutrir e hoje vê brilhar no mais alto nível do ciclismo mundial. Como sublinha Gianetti, Pogacar não é apenas um campeão em potência já o era, muito antes de os resultados o confirmarem.
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