"Não foi escolha minha" - Mattias Skjelmose chamado a liderar a Lidl-Trek na Volta a Guangxi mesmo estando lesionado

Ciclismo
terça-feira, 14 outubro 2025 a 11:45
skjelmose
Mattias Skjelmose admitiu estar a correr contra a dor na Volta a Guangxi 2025, depois de ter sido instruído pela Lidl-Trek para viajar até à China poucos dias após abandonar a Il Lombardia devido a uma recaída da sua persistente lesão nas costas.
O dinamarquês de 25 anos, que este ano se tornou um dos raros ciclistas a vencer Tadej Pogacar e Remco Evenepoel na mesma corrida, revelou ao Cycling News que a decisão de alinhar não partiu dele. A prova chinesa é tradicionalmente dominada por sprinters, jovens trepadores e ciclistas em busca de novos contratos, e não por líderes a recuperar de lesão.
“Não sei, as costas ainda estão muito lixadas, por isso vamos ver o que consigo fazer”, disse Skjelmose antes da 1ª etapa em Fangchenggang. “Talvez faça 10 quilómetros, talvez faça a corrida toda, só o tempo o dirá. Penso que seria muito ambicioso dizer que vamos tentar chegar à liderança da geral com as costas assim, mas, claro, vamos tentar. Fizemos uma viagem de 30 horas, por isso seria uma pena abandonar logo ao primeiro dia.”
O dinamarquês conseguiu, pelo menos, completar a etapa inaugural, terminando em 83.º lugar, com Paul Magnier a vencer ao sprint em pelotão compacto. Mas as suas palavras mostraram claramente que está longe da melhor condição física. Questionado sobre o motivo da sua convocatória, Skjelmose soltou uma gargalhada: “Não lhe posso dizer, não foi escolha minha.” Acabou por reconhecer que a equipa já tinha planeado a sua estreia há algum tempo. “A equipa disse que eu devia estar aqui e, em circunstâncias normais, seria uma boa oportunidade para ganhar uma corrida do WorldTour, o que é sempre bom.”
O dinamarquês sugeriu ainda que a posição da equipa no Ranking Mundial da UCI pode ter influenciado a decisão. “Quero dizer, agora é um pouco improvável que consigamos ultrapassar a Visma, mas, a certa altura, estávamos muito perto de lutar pelo segundo lugar no ranking de equipas, e isso teria significado muito para nós. Acho que foi por isso.”

Uma longa temporada entre altos e baixos

A viagem à China encerra uma época marcada por conquistas notáveis e problemas físicos persistentes. Skjelmose conquistou uma das vitórias mais importantes da carreira na Amstel Gold Race, brilhou com o 4.º lugar no Campeonato do Mundo no Ruanda e terminou 7.º no Campeonato da Europa. Mas a velha hérnia discal voltou a atormentá-lo, precisamente a mesma que o obrigou a terminar a época anterior de forma prematura.
“Logo no início da corrida, a minha hérnia discal começou a incomodar-me novamente e tive de abandonar”, recordou sobre a Lombardia. “Foi muito triste porque estava ansioso por correr ali; era o meu último grande objetivo, mas o corpo disse-me que não.”
A longa viagem até à Ásia também deixou marcas. “A viagem foi bastante longa. Chegáamos ao hotel ontem de manhã, mas foi bom. O plano já estava traçado e eu queria mesmo fazer a Lombardia, por isso é assim.”

Uma nova etapa antes de 2026

Apesar de estar a cumprir as ordens da equipa para liderar em Guangxi, Skjelmose já olha para o futuro. Com a chegada de Juan Ayuso à Lidl-Trek em 2026, o dinamarquês deverá dividir as funções de liderança nas principais provas do calendário, um desafio que exigirá saúde plena e regularidade competitiva.
“Desde a minha queda na Volta a França, tive, pela primeira vez em todo o ano, um bloco de treino consistente, sem contratempos nem distrações, e penso que isso se refletiu nas corridas”, afirmou. “Além disso, correr com a seleção nacional, ter apenas dinamarqueses à minha volta e fazer sobressair o meu humor dinamarquês deu-me um boost mental e confiança para continuar até ao fim da época.”
Agora, o foco volta-se para resolver os problemas físicos. “As costas voltaram a ser o problema e temos de encontrar uma solução para isso. Mas com o nível que mostrei nos Mundiais e na Amstel este ano, depois desta corrida posso finalmente fazer uma boa pausa. Já estou bastante motivado para o próximo ano.”
Mesmo longe da forma ideal, Skjelmose termina 2025 com o respeito do pelotão, pela coragem com que enfrenta as dores e pela determinação em regressar mais forte. A Volta a Guangxi poderá não lhe trazer resultados, mas simboliza o encerramento de uma época dura e a promessa de um novo começo em 2026
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