Jonas Vingegaard confirmou oficialmente que não vai alinhar no
Campeonato do Mundo de Estrada da UCI, no Ruanda, decisão que já está a gerar debate no seio do ciclismo dinamarquês. O bicampeão da Volta a França explicou, em conferência de imprensa realizada na véspera da Volta a Espanha, que a prioridade será dada aos Campeonatos da Europa, em França, no próximo outono.
“É preciso estar absolutamente fresco para disputar os Mundiais deste ano. A corrida vai exigir muito dos ciclistas e simplesmente não sabemos como vou sair da Vuelta”, disse Vingegaard. “Com base nas sensações que tenho até agora, decidimos abdicar. Em vez disso, vou correr o Europeu, onde terei mais tempo após a Vuelta para me concentrar.”
Reações divididas: Riis critica, Morkov compreende
A ausência de Vingegaard representa um duro revés para as ambições da Dinamarca em Kigali.
Bjarne Riis, antigo vencedor da Volta a França, foi direto na sua análise: “Para ser completamente honesto, penso que se ele se tivesse preparado corretamente não teria muitas melhores hipóteses do que este ano”, afirmou ao
Feltet.dk, sugerindo que o percurso ruandês poderia ter sido propício ao compatriota.
Já o selecionador nacional,
Michael Morkov, adotou um tom mais pragmático. Num comunicado da União Dinamarquesa de Ciclismo (DCU), defendeu a escolha com base nos perfis distintos: “Na minha opinião, o percurso do Campeonato da Europa adequa-se melhor aos pontos fortes do Jonas do que o percurso dos Mundiais, devido às subidas mais longas e regulares”, explicou. “Estou satisfeito por ele querer estar disponível para a seleção em outubro.”
Apesar disso, Morkov lembrou que Vingegaard ainda não foi oficialmente convocado, embora os comentários do ciclista deixem poucas dúvidas de que será presença confirmada.
O desafio de Valence
Se alinhar, Vingegaard enfrentará em Valence um percurso de 203 quilómetros, exigente e seletivo: três subidas de 6,5 km a 7,5% de inclinação média e seis passagens pelo “Val d’Enfer”, um muro de 1,5 km a 10%. “É um percurso difícil”, avaliou Morkov. “Com aquelas rampas repetidas e tão íngremes, será uma corrida para ciclistas mais leves.”
Estratégia ou oportunidade desperdiçada?
O foco imediato de Vingegaard é a Volta a Espanha, que arranca este sábado. A decisão de abdicar do Mundial em prol do Europeu reflete uma aposta estratégica em gerir esforços e manter a frescura numa temporada longa, mas divide opiniões: para uns, como Riis, é uma oportunidade perdida; para outros, como Morkov, trata-se de uma escolha sensata, em linha com o perfil do ciclista e com as exigências do calendário.
O certo é que a Dinamarca parte para o Ruanda sem o seu maior nome, enquanto o Europeu em Valence ganha um peso acrescido como o grande objetivo internacional de Jonas Vingegaard neste final de época.