No Dia Internacional da Montanha recordamos as mais lendárias subidas das 3 Grandes Voltas

Ciclismo
quarta-feira, 11 dezembro 2024 a 13:00
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Hoje, quarta-feira, 11 de dezembro, celebra-se o Dia Internacional da Montanha. Para os fãs do ciclismo, as montanhas são muito mais do que cenários deslumbrantes, são onde nascem as lendas e onde se escrevem os capítulos mais emocionantes do desporto. Desde as subidas brutais da Volta a França até aos desníveis da Volta a Espanha, as subidas mais emblemáticas do mundo levaram os ciclistas aos seus limites, proporcionando momentos inesquecíveis que definem o nosso desporto.

Sem estas paisagens inspiradoras, os eventos mais famosos do ciclismo (as Grandes Voltas) perderiam grande parte da sua magia. Neste dia especial, olhamos mais de perto para algumas das montanhas mais lendárias do desporto, explorando o que torna cada subida tão única e quais os ciclistas que gravaram o seu nome em cada passagem.

Alpe d'Huez

Localizada nos Alpes franceses, esta subida icónica estende-se por 13,8 quilómetros com uma inclinação média de 8,1%. A subida é conhecida pelas suas 21 curvas apertadas, sendo o mar laranja na esquina holandesa uma das maiores atrações do Tour.

A montanha apareceu pela primeira vez na Volta a França em 1952, quando Fausto Coppi venceu, tornando-se o primeiro ciclista a ganhar uma chegada em alto no Alpe d'Huez e, desde então, tem sido o local de inúmeros momentos históricos. Os ciclistas holandeses dominaram a montanha nas décadas de 1970 e 1980, o que lhe valeu a alcunha de "Montanha Holandesa". Vitórias memoráveis incluem a subida recorde de Marco Pantani em 1997 e o triunfo de Geraint Thomas em 2018, quefoi não só a primeira vitória britânica na montanha, como também colocou o galês a caminho de se tornar vencedor do Tour.

Geraint Thomas tornou-se o primeiro vencedor britânico no Alpe d'Huez em 2018
Geraint Thomas tornou-se o primeiro vencedor britânico no Alpe d'Huez em 2018

A sua atmosfera eletrizante, com milhares de adeptos alinhados nas curvas estreitas, faz do Alpe d'Huez um palco como nenhum outro. Não é apenas uma subida, é um teatro de sonhos e desespero.

Mont Ventoux

O Mont Ventoux, muitas vezes chamado de "Gigante de Provence", é uma das subidas mais assustadoras do ciclismo profissional, com uma altitude de 1.909 metros, e é famoso pelo seu topo rochoso e exposto, que deixa os ciclistas a lutar contra ventos fortes e calor extremo. A subida varia consoante a abordagem, mas o percurso clássico de Bédoin é de 21,5 quilómetros com uma inclinação média de 7,5%.

Ventoux tem sido o cenário de alguns dos momentos mais dramáticos da Volta a França. Em 1967, foi tragicamente onde Tom Simpson faleceu devido a exaustão e desidratação. Em 2013, Chris Froome teve um dos seus desempenhos mais emblemáticos, atacando perto do alto para conquistar a vitória e ficar um passo mais perto de ganhar a sua primeira camisola amarela. Em 2016, o mesmo Chris Froome registou uma imagens mais icónicas dos anos recentes quando no meio da confusão gerada por um encurtar da subida ao Mont Ventoux, houve um aglomerado de adeptos muito superior que entupiu a estrada e Froome acabou por cair e ficar sem bicicleta e começou desesperadamente a correr montanha acima enquanto aguardava por uma bicicleta suplente.

O Ventoux é, sem dúvida, uma das subidas mais formidáveis do ciclismo e regressará na edição do próximo ano da Volta a França.

Col du Tourmalet

O Col du Tourmalet é a subida mais frequentemente utilizada na história da Volta à França, tornando-se sinónimo da própria corrida. Situado nos Pirenéus, atinge uma altitude de 2.115 metros e estende-se por 19 quilómetros com uma inclinação média de 7,7%.

Jonas Vingegaard correu o Tourmalet na Volta a França e na Volta a Espanha em 2023
Jonas Vingegaard correu o Tourmalet na Volta a França e na Volta a Espanha em 2023

A sua importância na história do ciclismo não pode ser subestimada. Apresentada pela primeira vez no Tour em 1910, fez parte da primeira etapa de alta montanha de sempre, levando os ciclistas para além do que muitos pensavam ser humanamente possível. Eugène Christophe ficou famoso por carregar a sua bicicleta durante quilómetros depois de partir a forquilha no Tourmalet em 1913, mostrando até que ponto os ciclistas se esforçavam, mesmo nos primeiros tempos do Tour.

Entre os vencedores recentes contam-se Thibaut Pinot, em 2019, num dos melhores momentos da história recente do ciclismo francês, e Jonas Vingegaard, em 2023, na Volta a Espanha, onde se distanciou de todos os seus rivais num dia em que Remco Evenepoel caiu da luta pela classificação geral. A sua dificuldade, aliada à riqueza da sua história, faz do Tourmalet a joia da coroa do ciclismo profissional e uma das subidas mais importantes da modalidade.

Passo dello Stelvio

O Passo dello Stelvio é uma das subidas mais altas e deslumbrantes do ciclismo profissional. Situada nos Alpes italianos, a subida atinge uma altitude de 2.758 metros, o que a torna a passagem de montanha pavimentada mais alta dos Alpes Orientais. A clássica subida de Prato dello Stelvio tem 24,3 quilómetros de extensão, com uma inclinação média de 7,4% e 48 curvas apertadas.

O Stelvio é mais conhecido pela Volta a Itália, onde tem sido palco de algumas das maiores batalhas da Grande Volta italiana. Em 2017, Tom Dumoulin registou um momento que talvez ele não desejasse que fosse tão memorável quando se viu obrigado a parar para realizar necessidades fisiológicas no sopé da subida, num dia em que viria a perder a 2 minutos na geral para Nairo Quintana e que por pouco não lhe custou a vitória final no Giro. Em 2020, Jai Hindley e Tao Geoghegan Hart envolveram-se num duelo inesquecível no Stelvio, enquanto lutavam pela camisola rosa.

A elevada altitude da subida significa que os ciclistas têm de enfrentar ar rarefeito, temperaturas geladas e declives implacáveis durante quase 25 brutais quilómetros. Para aqueles de nós que não têm de a subir, é simplesmente uma das paisagens mais deslumbrantes do desporto.

Alto de l'Angliru

O Alto de l'Angliru, situado na região das Astúrias, em Espanha, é uma das subidas mais temíveis, que vê frequentemente os ciclistas a subirem para as nuvens. As suas inclinações são lendárias, com desníveis superiores a 23% nos seus 12,5 quilómetros de subida. A inclinação média de 10,1% não é suficiente para termos uma verdadeira noção da dificuldade desta subida, que tem sido frequentemente a etapa decisiva da Volta a Espanha.

O Angliru apareceu pela primeira vez na Vuelta em 1999, com a vitória inaugural de José María Jiménez. Desde então, tornou-se um campo de batalha para os mais fortes trepadores, incluindo Chris Froome e Alberto Contador, e foi o espanhol que garantiu a vitória em 2017. Mais recentemente, Primoz Roglic juntou o seu nome à lista de vencedores em 2023, na famosa corrida em que ele e Jonas Vingegaard abandonaram o seu companheiro de equipa Sepp Kuss enquanto este liderava a corrida.

Conhecida como uma das subidas mais difíceis do desporto, a inclinação implacável do Angliru e as condições climatéricas imprevisíveis fazem com que seja uma etapa que mete medo até aos ciclistas mais resistentes.

No Dia Internacional da Montanha, é mais do que apropriado celebrar as incríveis subidas que definiram a história do ciclismo. Desde as curvas do Alpe d'Huez até aos desníveis do Angliru, as montanhas são mais do que simples estradas, são os locais onde o ciclismo separa os verdadeiros grandes dos quase homens. Então, que subidas deixámos de fora da lista que também são lendárias no desporto do ciclismo?

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