"O ciclismo está a caminho da falência" - Brent Copeland dispara sobre a crise financeira nas equipas

Ciclismo
terça-feira, 21 outubro 2025 a 15:15
Brent Copeland
O diretor-geral da Team Jayco AlUla, Brent Copeland, lançou um aviso severo à UCI, instando o organismo que rege o ciclismo a implementar reformas estruturais no desporto para evitar que o desequilíbrio financeiro das super-equipas prejudique a competitividade e a saúde do ciclismo a longo prazo. Copeland, que também é presidente da AIGCP (Associação Internacional de Equipas Profissionais), acredita que a disparidade crescente entre os orçamentos das grandes equipas e as mais pequenas é um problema grave.
“As equipas de topo têm orçamentos 100 ou até 200% superiores aos das equipas médias. E essas equipas, por sua vez, têm muito mais recursos do que as mais pequenas. Este sistema não funciona e só vai piorar se não o regularmos”, afirmou Copeland ao Bici.Pro.

O desequilíbrio financeiro: o que está em jogo para o ciclismo

Para Copeland, o domínio da UAE Team Emirates - XRG, que conquistou 96 vitórias em 2025, é uma prova do desequilíbrio crescente no ciclismo moderno. O dinamarquês da Team Visma | Lease a Bike, Jonas Vingegaard, e o esloveno da UAE, Tadej Pogacar, têm dominado as Grandes Voltas, e Copeland vê isso como reflexo de um desequilíbrio financeiro e estrutural entre as equipas de topo e as mais pequenas.
“Precisamos de falar mais sobre esta tendência. Pode levar ao rebentamento da bolha se não introduzirmos um limite orçamental para cada equipa. Se nada for feito, o fosso vai aumentar ainda mais, haverá menos incerteza e o risco é que o espetáculo do nosso desporto sofra”, afirmou Copeland, alertando para as consequências de uma falta de ação.
Copeland comparou o ciclismo a outros desportos motorizados, como a Fórmula 1 e o MotoGP, que implementaram controlos financeiros para manter a competitividade. Ele acredita que o ciclismo precisa de uma abordagem semelhante para se manter relevante e competitivo.
“A Fórmula 1 e o MotoGP evoluíram enormemente nos últimos dez anos para se manterem relevantes. Precisamos de fazer o mesmo no ciclismo, tanto no masculino quanto no feminino”, disse Copeland, sublinhando a importância de se manter o equilíbrio financeiro para preservar a competitividade e o apelo do desporto.

A época da Team Jayco AlUla: resultados mistos e uma nova abordagem para 2026

Apesar de algumas vitórias, como a de Chris Harper na Volta a Itália e Ben O'Connor na Volta a França, Copeland reconheceu que a Team Jayco AlUla não conseguiu atingir todos os seus objetivos em 2025. O diretor da equipa expressou frustração com o 18º lugar da equipa na classificação geral, considerando que, com o investimento feito e o talento disponível, a equipa deveria ter ficado entre os dez primeiros.
“Foi uma época decente, mas podíamos ter feito melhor. Se olharmos para a equipa que tínhamos com O'Connor, Matthews, Dunbar, Zana e Schmid, tínhamos pelo menos sete ou oito ciclistas capazes de vencer, mas nem todos deixaram a sua marca”, admitiu Copeland.
Para 2026, a equipa reduziu ligeiramente os seus gastos e tem como objetivo dar mais responsabilidades aos ciclistas mais jovens, apoiados por líderes experientes, como Ben O'Connor e Michael Matthews. Copeland espera que essa nova abordagem possa equilibrar orçamento e desempenho no mais alto nível.
“Fizemos uma escolha ousada. Queremos concentrar-nos nos jovens ciclistas sem baixar o nível da equipa. Se o gerirmos bem, pode ser sustentável e eficaz”, afirmou Copeland.

Michael Matthews: a importância da liderança e da resiliência

Copeland também elogiou Michael Matthews, destacando a importância do ciclista australiano para a equipa, tanto pelo seu profissionalismo quanto pela sua resiliência. Matthews, que tem enfrentado a competição feroz de ciclistas como Van der Poel e Van Aert, continua a ser uma peça central na Team Jayco AlUla.
“O Michael é o nosso maior trunfo. Ele pode não ganhar tanto quanto merece, mas isso é apenas porque ele enfrenta titãs como Van der Poel e Van Aert. Quando os médicos nos disseram que ele estava totalmente recuperado, não tive dúvidas de que voltaria ainda mais forte”, disse Copeland.

O futuro do ciclismo: reformas ou estagnação?

Com anos de experiência na gestão de equipas, Brent Copeland continua a ser uma voz influente no ciclismo. O seu apelo à reforma financeira e estrutural é claro: sem regulamentação e equilíbrio, o ciclismo arrisca perder o que o torna único e atraente para os adeptos e patrocinadores.
“O fosso já é enorme. Se não agirmos rapidamente, acabaremos por ter menos equipas capazes de competir, menos surpresas e menos espetáculo. Não é esse o ciclismo que queremos”, alertou Copeland
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