"O Tour é a corrida mais importante”: A Visma não quer que Jonas Vingegaard dispute a Volta a Itália

Ciclismo
sexta-feira, 05 dezembro 2025 a 8:00
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Para 2026, é amplamente apontado que Jonas Vingegaard fará a estreia na Volta a Itália. Aliás, o próprio dinamarquês confirmou a vontade de experimentar a Corsa Rosa, a única grande volta que falta no seu palmarès. Contudo, a estrela da Team Visma | Lease a Bike precisa do aval da equipa, que poderá não lho conceder dada a importância que tradicionalmente atribui à Volta a França.
No fim de contas, correr o Giro influencia inevitavelmente a preparação para a Grande Boucle. Três semanas de alta intensidade, apenas um mês antes do Tour, podem ter efeitos colaterais sérios para quem tentar dobrar a aposta e enriquecer o palmarès. Claro que Tadej Pogacar conseguiu fazê-lo em 2024, mas o esloveno é um caso único e, para o bater no Tour, Vingegaard terá de espremer todas as energias.
No episódio 363 do podcast Besenwagen, Grischa Niermann, diretor desportivo da Visma, pondera a hipótese de participação no Giro: “A Volta a França é a corrida mais importante e, por isso, o maior objetivo. Não é segredo”, diz, quando questionado diretamente sobre a possibilidade do duplo Giro–Tour para Vingegaard.
A edição de 2026 da Volta a França arrancará com um contrarrelógio coletivo, que abrirá três semanas ao rubro. Mas nem esse exercício, nem o que se segue, preocupam Niermann: “É um formato que nos tem corrido bem e que conhecemos. Há sempre etapas difíceis, como o Alpe d’Huez. Não é a frase mais espetacular, mas é o que se pode esperar: é sempre duro.”

O desafio: voltar a bater Pogacar

Niermann é frontal ao dizer que a obsessão da equipa é recuperar o amarelo conquistado em 2022 e 2023: “Tadej é o nosso maior rival. Não conseguimos vencê-lo nos últimos dois anos, mas faremos tudo para inverter a situação. Não será fácil, isso é certo.”
Recorda que 2023, quando a Visma venceu as três Grandes Voltas com corredores diferentes, foi uma temporada quase perfeita. Mas também que as equipas rivais lideradas por Pogacar rapidamente os trouxeram à terra em 2024: “O ano seguinte mostrou como era difícil repetir. Com as quedas do Wout e do Jonas, sofremos muitos percalços em 2024.”
Jonas Vingegaard terá de convencer a Visma para correr a Volta a Itália 2026
Jonas Vingegaard terá de convencer a Visma para correr a Volta a Itália 2026
Apesar disso, insiste que a equipa deve focar-se nas suas próprias forças: “Por vezes é frustrante enfrentar alguém tão forte e dominante, mas acreditamos que é possível bater a UAE e o Pogacar. Eles também beneficiaram do nosso desempenho em 2022 e 2023.”
E reconhece que já não esperam saltos milagrosos dos líderes: “Alguém como o Jonas também não vai melhorar 10%, mas continuamos a afinar detalhes. É tudo tentativa e erro. Podemos otimizar tudo, mas no fim cabe ao corredor gerir e acreditar.”
Niermann admite ainda que estão atentos às outras equipas para não ficarem para trás: “Não estamos cinco anos à frente de ninguém. A UAE está a fazer um trabalho excecional com o Pogacar. Por isso, permanecemos abertos a explorar novas opções, tal como fizemos mesmo após um ano tão bom como 2023.”

Reforços para sonhar com tudo

No mercado, a Visma seguiu um caminho diferente de Lidl–Trek, Red Bull - BORA - hansgrohe ou UAE Team Emirates - XRG, que apostaram em nomes estabelecidos e até novos líderes. Em vez disso, a Visma foi buscar perfis como Timo Kielich, Tim Rex, Pietro Mattio, Davide Piganzoli, Filippo Fiorelli, Bruno Armirail, Anton Schiffer ou Owain Doull, privilegiando uma base sólida para os seus líderes.
Niermann explica-o como uma aposta consciente: “Reuni com o Patrick Broe [Head of Strategy da Visma], que segue todas as corridas, e analisámos potencial e talento. O ideal é encontrar corredores de 22 ou 23 anos que ainda possam crescer, como conseguimos com o Jonas ou o Sepp Kuss. Essa é a nossa filosofia.”
Embora tenha havido exceções, como a contratação de Simon Yates, diz que o padrão geral não muda: “Contratámos uma estrela e ele venceu a Volta a Itália, portanto isso também funciona. Mas a nossa visão assenta em atrair corredores com margem de progressão e que se enquadrem naturalmente na equipa.
O que procuram, conclui, é intuição e encaixe, não nomes cintilantes: “As nossas contratações para o próximo ano refletem isso: corredores discretos, alinhados com a nossa forma de trabalhar e que, após várias conversas, se revelam o encaixe perfeito.”
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