"Perdi a minha paixão pelo ciclismo": antigo ciclista das escolas da Visma retira-se do ciclismo com apenas 24 anos

O ciclismo é um dos desportos de alto nível mais exigentes que existem. Quanto maior é o progresso desportivo e tecnológico, maiores são as exigências impostas aos ciclistas. Por isso, é cada vez mais frequente ver jovens talentos que decidem pendurar as suas bicicletas muito cedo. É o caso de Lars Boven.

Aos 24 anos, o ciclista holandês da Alpecin-Deceuninck, que foi uma das grandes jóias da equipa de desenvolvimento da Visma entre 2020 e 2023, retira-se do ciclismo profissional quando ainda tinha toda a sua carreira pela frente. O anúncio foi feito através de um post na sua conta do Instagram, onde escreveu a seguinte mensagem:

"Olá a todos. Decidi afastar-me do ciclismo profissional. Após dois anos cheios de contratempos, perdi a paixão pelo desporto que é necessária para competir ao mais alto nível. No fundo, já o sabia há muito tempo, mas a constatação de que já não gosto do ciclismo foi muito difícil", começa por escrever Lars Boven.

"Quanto ao próximo ano, não sei como será. Continuo a gostar de ciclismo, pelo que tenciono participar em algumas corridas de gravel. Mas, para além disso, ainda não faço ideia, o que me assusta, mas também me entusiasma", acrescentou o holandês, pronto a seguir o caminho de lendas como Alejandro Valverde, embora muito mais jovem.

Lars Boven, leve (62 kg) e com 1,72 m de altura, destacou-se como um ciclista versátil, com uma aptidão especial para as clássicas, as etapas montanhosas e os contrarrelógios.

Treinado inteiramente na estrutura de desenvolvimento da Visma de 2020 a 2023, Boven acumulou várias vitórias e pódios em corridas U23 e corridas de etapas menores, incluindo vitórias no Istarsko Proljeće - Troféu da primavera da Ístria (2021), no Albertina Baltyk-Karkonosze Tour (2020) e no Flanders Tomorrow Tour (2022), onde também conquistou a vitória na classificação geral.

O seu salto para o WorldTour deu-se em 2024, com a Alpecin-Deceuninck, uma equipa com a qual mostrou uma rápida adaptação ao mais alto nível.

Nesse período assinou resultados de relevo como o 4º lugar na SUPER 8 Classic (2023), o 2º lugar no Grand Prix Cerami (2023) e prestações sólidas em 2024, incluindo o 3º lugar numa etapa do Tour Down Under e o 4º lugar em etapas da Volta ao Algarve. Também deixou a sua marca nas clássicas, com um notável Top 4 no Paris-Roubaix U23 (2023) e na Figueira Champions Classic 2024.

Com um perfil competitivo equilibrado - rápido nos dias difíceis, consistente nas subidas e um contrarrelógio competente - parecia destinado a estabelecer-se como ciclista de clássicas e caçador de etapas. É por isso que a sua decisão de se retirar no final de 2025, no início de uma promissora carreira no WorldTour, causou surpresa no mundo do ciclismo.