A Dinamarca está em alvoroço desde que Trine Hansen, esposa de
Jonas Vingegaard, deu uma entrevista ao jornal Politiken onde deixou críticas públicas à
Team Visma | Lease a Bike. As declarações surgiram em plena
Volta a França, numa altura em que Vingegaard tenta recuperar o título perdido para
Tadej Pogacar, e geraram de imediato uma onda de reações no país nórdico.
Na entrevista, Trine Hansen afirmou que a equipa tinha pressionado demasiado o seu marido, uma afirmação que gerou não só perplexidade como também debates sobre o timing da publicação. A escolha do jornal também contribuiu para o impacto mediático: o Politiken é um dos órgãos de comunicação social mais respeitados da Dinamarca, como explicam os jornalistas dinamarqueses Sarah Fisker (DR) e Rasmus Nowak Franklin (Feltet), em declarações à Wielerflits.
"É um grande jornal, tradicional e de centro-esquerda no nosso país", disse Sarah Fisker. "É um meio de comunicação muito respeitado e credível." Rasmus Nowak Franklin acrescentou: "É também um meio de comunicação sério, de Copenhaga. Se eles nos abordam para uma entrevista, consideramos isso mais rapidamente".
Franklin reconheceu, contudo, que ficou surpreendido com a publicação: "Mesmo assim, fiquei muito surpreendido. Por um lado, por causa do timing, embora, como jornalista, eu também tivesse optado por publicar no Tour. É simplesmente aí que se chama mais a atenção".
Trine Hansen é uma figura conhecida na Dinamarca por expressar-se de forma franca e direta. "A Trine sempre foi muito franca, também no passado, e também falou muito pelo Jonas", recorda Franklin. "Não se esqueçam que Trine é sete anos mais velha do que ele. Quando se conheceram, Jonas tinha acho que 19 ou 20 anos, enquanto ela tinha quase trinta na altura. Portanto, Trine sempre foi muito mais velha do que Jonas. Viu-se isso com mais frequência na relação deles, se me é permitido dizê-lo".
As palavras de Hansen não tardaram a provocar uma forte reação tanto na comunicação social como nas redes sociais. "O facto deu imediatamente origem a uma discussão no nosso país", explica Fisker. "Os especialistas consideram que o momento da publicação é muito mau, porque o Jonas tem agora de lidar com muitas perguntas sobre o assunto no Tour. Além disso, poucas pessoas compreendem de onde vêm as críticas. Jonas não faz tantas corridas como os outros ciclistas de topo, por isso deve ter mais tempo para a sua família do que os outros".
Franklin confirma que também nas redes sociais o sentimento é semelhante: "No Facebook, lemos principalmente que Trine não deve falar sempre pelo Jonas".
Apesar das críticas, Franklin considera que a entrevista foi bem construída e transparente. "Ainda assim, a história intriga-me. Não é que uma citação tenha sido tirada do contexto, ou, como a Visma afirma, que esteja fora de proporção. Quando eu li a história, ela era muito completa e franca. A Trine está sempre a dizer a mesma coisa, tem nuances, é profunda. Na verdade, é muito honesto e refrescante da parte dela falar sobre isso dessa forma. E não é frequente vermos a mulher de um ciclista assumir o desafio desta forma".
Dentro da equipa, a revelação também parece ter causado surpresa. "Parece que ninguém sabia de nada", refere Fisker. "A equipa não sabia e mesmo o Jonas não tinha uma resposta pronta, como se também o tivesse surpreendido. Portanto, também dá uma impressão de má comunicação entre Jonas, Trine e Team Visma | Lease a Bike".
Neste momento, Hansen ainda não reagiu publicamente após a publicação. "Penso que esperam que a atenção dos media diminua", afirma Fisker. "Normalmente, Jonas não se preocupa muito com o que a imprensa diz, mas esta agitação na equipa não o vai ajudar".
Franklin reforça que, embora o impacto psicológico possa existir, é improvável que afete o desempenho de Vingegaard na estrada. "Temos de esperar para ver se esta situação vai afetar o seu desempenho. Mas se ele perder dois minutos para Tadej Pogacar, não será por causa desta entrevista".
À medida que a corrida se desenrola, o tema promete continuar a ser discutido. "Vai continuar a ser uma discussão subjacente nas próximas semanas", conclui Fisker. "Se a Visma ganhar a etapa com o Wout ou cometer erros táticos, por exemplo, as pessoas não vão esquecer isto rapidamente".