Tobias Johannessen foi uma das revelações inesperadas da Volta a França de 2025. O norueguês, de 26 anos, já tinha deixado sinais do seu talento, mas a forma consistente com que se exibiu ao longo das três semanas surpreendeu o pelotão.
O 6.º lugar na classificação geral valeu-lhe 520 pontos UCI, fundamentais para que a
Uno-X Mobility ultrapassasse a Cofidis no ranking e garantisse uma licença World Tour por três anos, o que não deixa de ser um feito para uma estrutura composta exclusivamente por ciclistas noruegueses e dinamarqueses.
Permanecer é uma escolha natural
O desempenho de Johannessen despertou o interesse de várias equipas do World Tour. Ainda assim, o norueguês parece não ter dúvidas quanto ao seu futuro. Ao lado do irmão gémeo Anders, Tobias sente-se em casa na Uno-X, onde ambos competem desde 2019. “Não há nada de novo a dizer, na verdade, porque nada mudou em relação à equipa onde queremos correr”, explicou no podcast
Sykkelpodden. “Terão de falar com [Thor] Hushovd”, acrescentou, entre risos.
Do outro lado, o diretor desportivo
Thor Hushovd confirma que o vínculo entre ambas as partes é forte. “Não há dúvida de que os gémeos são muito importantes para nós, pelo que demonstraram como ciclistas e como pessoas. Estamos a fazer tudo o que podemos para os manter por muitos e muitos anos”, afirmou.
“Quando as duas partes querem a mesma coisa, é sempre mais fácil chegar a acordo.”
O próximo ano trará uma mudança radical. De uma presença seletiva em provas por etapas e algumas Clássicas, a Uno-X passará a disputar um calendário World Tour completo.
Para Johannessen, esse desafio chega no momento certo.
Tobias tem um gémeo que também mostra talento. Anders triunfou este ano na Volta à Eslovénia
“Para nós, é um passo enorme, especialmente por causa da participação nas Grandes Voltas. Tivemos sorte por disputar praticamente todas as Clássicas que quisemos, mas agora estamos mais do que preparados para todas as Grande Voltas”, garantiu o norueguês.
A aposta da equipa no crescimento estrutural tem sido determinante e o ambiente familiar continua a ser um trunfo. “Não, nunca sentimos vontade de sair. A equipa está cada vez mais profissional. Honestamente, penso que já ultrapassámos várias equipas do World Tour na forma como estamos organizados, nos treinadores e em tudo o resto. Estamos a fazer as coisas bem e não tencionamos parar. Não vejo razão para pensar noutra coisa.”
Com resultados como o 6.º lugar na Volta a França e o 5.º no Critérium du Dauphiné, o estatuto de Johannessen no pelotão internacional cresceu e com ele, naturalmente, o seu salário.
Para Hushovd, isso é mais do que justo.
“Há mais concorrência por ciclistas como eles. Cada vez que obtêm resultados de topo, aumentam o seu valor e tornam-se desejados por outras equipas. É normal que exijam mais, mas também o merecem. Trabalharam para isso.”
Uma clavícula que teima em ceder
O final da temporada trouxe, contudo, um contratempo. Johannessen caiu na Gran Piemonte e foi retirado de ambulância para o hospital, onde mais tarde o diagnóstic confirmaria a fractura de uma clavícula.
Apesar disso, o ciclista garante estar a recuperar bem.
“Agora está tudo a correr bem. Levo uma vida quase normal. Só não posso jogar golfe”, brincou. Curiosamente, é a segunda vez em dois anos que sofre uma lesão no mesmo ombro. “Em 2024 parti a ponta, desta vez foi no meio. É uma fratura clássica da clavícula. O lado positivo é que pude ser operado e isso acelerou muito a recuperação.”
A previsão médica indica que a época de 2026 não será afectada e Johannessen já traçou o seu próximo objetivo: voltar à Volta a França, desta vez com o pódio no horizonte.