"Queremos ser maiores e melhores, é altura de subir de nível": Fabian Cancellara quer a Tudor no nível WorldTour

Quando Fabian Cancellara e a sua equipa de gestão lançaram a Tudor Pro Cycling Team há três anos, a ambição era clara: criar uma estrutura sólida, atrair talento e resultados e, passo a passo, alcançar o topo do ciclismo mundial. Após uma temporada de 2025 notável, coroada com o pódio de Michael Storer na Il Lombardia, o suíço acredita que a formação chegou a um verdadeiro ponto de viragem.

“Estamos a trabalhar arduamente para momentos como este, para podermos continuar a melhorar e a crescer. Queremos ser uma equipa maior e melhor, ainda não estamos onde queremos estar”, afirmou Cancellara ao Cycling News após a corrida em Bérgamo.

Para uma formação que começou no segundo escalão, a ascensão da Tudor tem sido meteórica. Storer venceu uma etapa da Volta a Paris-Nice, conquistou a geral da Volta aos Alpes, terminou entre os dez primeiros na Volta a Itália e subiu ao pódio da Lombardia ao lado de Tadej Pogacar e Remco Evenepoel. Resultados que confirmam tanto a evolução do australiano como o crescimento competitivo da equipa.

Ao mesmo tempo, o experiente Matteo Trentin selou a sua 15ª vitória da temporada no Paris-Tours, enquanto as contratações de peso Julian Alaphilippe e Marc Hirschi mostraram consistência, contribuindo com pontos cruciais para o ranking. Graças a esse desempenho, a Tudor garantiu presença em todas as grandes provas do WorldTour 2026.

“Aprende-se trabalhando arduamente e cometendo erros, fazendo as coisas bem e percebendo quando não se fez tão bem quanto se deveria”, refletiu Cancellara. “Essa é talvez a história da nossa época de 2025.”

A equipa suíça quer mais. O mercado de transferências confirma essa ambição, com Stefan Küng a regressar a casa para reforçar a equipa nas Clássicas empedradas. Storer prolongou o contrato até 2028, e Luca Mozzato e Will Barta juntam-se para acrescentar profundidade.

A estrutura está sustentada por acordos de longo prazo com Alaphilippe e Hirschi, e o projeto conta com patrocinadores de grande peso: MSC, BMC, Red Bull, Assos e Boss.

“Somos uma ProTeam há três anos, o que significa que é o fim de um primeiro ciclo, agora é altura de passar a outro nível”, explicou Cancellara. “Estamos a construir uma nova sede de equipa na Suíça e prontos para garantir convites para todas as corridas do WorldTour em 2026, graças à nossa excelente classificação este ano.”

A Tudor Pro Cycling somou em 2025 mais pontos do que várias equipas do WorldTour, mas o sistema trienal de promoção impediu a subida imediata ao escalão máximo. É uma situação que Cancellara encara com frustração, mas também com realismo.

“O nosso próximo passo tem de ser fazer parte do WorldTour, mas será que o WorldTour vai existir daqui a três anos? Não sei. Temos de trabalhar com o sistema atual e jogar com as regras existentes”, reconheceu.

Mesmo assim, a ambição mantém-se intacta. Com Küng, Alaphilippe, Hirschi e Mozzato apontados às Clássicas e Storer como líder em provas por etapas, a Tudor quer consolidar-se entre as melhores. “Gostaríamos muito de ganhar uma grande Clássica, mas sei que não é fácil”, disse Cancellara. “Corremos para ganhar, isso é certo, mas quando se enfrenta Tadej Pogacar ou Mathieu van der Poel, nunca é simples.”

Enquanto os ciclistas desfrutam do merecido descanso, Cancellara e a direção da equipa já estão focados em 2026. A preparação inclui campos de treino, planeamento logístico e estratégias ajustadas para o novo calendário.

“Há muito a fazer”, afirmou o suíço. “Os ciclistas podem agora gozar umas férias, mas a direção da equipa está ocupada a preparar 2026. Estamos a trabalhar arduamente para o que vem a seguir.”

A Tudor Pro Cycling Team ainda não faz parte do WorldTour, mas tudo indica que é apenas uma questão de tempo. O projeto idealizado por Cancellara nasceu com visão de longo prazo e está agora à porta do topo do ciclismo mundial, pronta para dar o salto que ambiciona desde o primeiro dia.