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Soudal - Quick-Step apresentou-se no Critérium du Dauphiné com uma formação sólida, mas, como sublinhou o analista Thijs Zonneveld, está claramente um degrau abaixo dos dois colossos do pelotão atual: a Team Visma | Lease a Bike e a UAE Team Emirates - XRG. Ambas as formações alinharam nesta corrida com núcleos muito semelhantes aos que pretendem levar para a Volta a França, e essa superioridade coletiva ficou evidente desde a primeira etapa.
No seu podcast In de Waaier, Zonneveld destacou o momento em que
Remco Evenepoel teve de fechar sozinho um fosso para o grupo da frente numa subida, uma manobra explosiva e eficaz, mas que não deveria ter sido necessária. “Ele não estava numa boa posição naquela subida, mas a força com que fechou o fosso… como uma bola, foi muito impressionante”, referiu. “Mas esse posicionamento também vai ser um problema durante a Volta a França.”
O cerne da questão prende-se com a diferença qualitativa no bloco que rodeia Evenepoel, sobretudo quando comparado com o bloco de luxo de Pogacar e Vingegaard. Ambas as equipas contam com alguns dos melhores ciclistas de clássicas do mundo, agora em funções de puro apoio, garantindo posicionamento, proteção e ritmo. A Soudal - Quick-Step, por sua vez, tem menos profundidade, menos capacidade de controlar a corrida e menos opções no momento decisivo.
A situação pode tornar-se ainda mais delicada em julho, com a equipa dividida entre apoiar Evenepoel na luta pela classificação geral e servir Tim Merlier nas etapas planas. “Penso que vão ter problemas. Também porque, em parte, vão correr para um sprinter. Em breve haverão etapas em que uma grande parte da sua equipa será deixada para trás”, antecipa Zonneveld.
Este dilema tático pode fragilizar o belga, que já demonstrou não ser exímio no posicionamento em momentos-chave. “Depois, Evenepoel tem de se posicionar e, simplesmente, não é tão bom nisso como Pogacar e Vingegaard. Foi também o caso na subida da primeira etapa do Dauphiné”, conclui o analista. Ainda assim, há sinais positivos: apesar das limitações estruturais da equipa, a forma do campeão belga parece estar em boa progressão.
A três semanas da Volta a França, permanece a dúvida: conseguirá Evenepoel colmatar com talento individual aquilo que a sua equipa ainda não consegue oferecer coletivamente?