Romain Bardet está prestes a encerrar uma das carreiras mais marcantes do ciclismo francês moderno. O trepador da
Team Picnic PostNL disputará a
Volta a Itália 2025. Será a sua última Grande Volta e vai despedir-se definitivamente do pelotão no
Critérium du Dauphiné, já em junho. Sereno, Bardet olha para trás com orgulho por tudo o que alcançou, e por tudo o que representou.
"Sinto que consegui tudo o que podia no Tour. Vestir a Camisola Amarela no ano passado foi o ponto final perfeito. Tenho boas memórias, são os pontos altos da minha carreira, e isso faz do Tour uma corrida especial para mim", afirmou em entrevista ao
Cyclingnews.
A decisão de terminar a carreira no Dauphiné, e não no Tour, foi deliberada. Bardet não queria alinhar apenas para cumprir calendário. "Estou contente por o Tour de 2024 ter sido o meu último. Agora, deixei-o ir. É tempo de dar espaço aos outros e trazer nova energia à equipa."
Vice-campeão da Volta a França, medalhado nos Mundiais, pódio na Liège-Bastogne-Liège, Bardet esteve diversas vezes à beira da glória. Mas foi precisamente essa proximidade constante com as vitórias que o tornou num dos ciclistas mais acarinhados pelo público — um corredor agressivo, com alma, sempre entre os protagonistas da Grand Boucle, ano após ano.
Apesar de já não correr com a mesma consistência de outros tempos, 2024 trouxe-lhe um dos momentos mais bonitos da carreira: a vitória na etapa inaugural da Volta a França e a liderança da geral, vestido de Amarelo.
"É uma escolha estar aqui. Ninguém me obrigou a continuar. É um privilégio poder decidir onde, quando e como quero parar."
Bardet também reflete sobre o quanto o ciclismo mudou desde que se estreou como profissional. "Quando comecei, era tudo menos sério. Ninguém falava em ser aero ou na nutrição. Só queríamos pedalar, atacar, chegar a casa de rastos. Cometíamos muitos erros, mas divertíamo-nos. Foi uma experiência incrível."
Ao longo da carreira, Bardet representou apenas duas estruturas: a histórica AG2R e, mais recentemente, a DSM-Firmenich PostNL. Nunca integrou uma das super-equipas do WorldTour, algo que poderia ter mudado o seu percurso competitivo. Mas não é algo de que se arrependa.
"Poderia ter sido interessante ver até onde poderia ter chegado com outro apoio, mas não me arrependo. Senti-me sempre bem nas equipas onde estive, fui apreciado pela pessoa que sou e não como mais um número."
"Construí relações fortes. Sempre gostei de pensar a longo prazo e de construir algo especial com as pessoas. Acho que isso ficou."