A temporada das Grandes Voltas arranca oficialmente amanhã com a partida da Volta à Itália de 2025, e para
Sam Bennett as ambições são claras. O sprinter irlandês lidera a Decathlon AG2R La Mondiale com um único objetivo em mente: regressar às vitórias ao mais alto nível.
Sem triunfos em Grandes Voltas desde a Volta a Espanha de 2022, Bennett chega à Corsa Rosa com vontade de virar a página e encerrar um ciclo difícil. “Não podemos sair do Giro sem uma vitória em etapa”, afirmou de forma categórica ao Cycling News.
Aos 34 anos, o veterano sprinter apresenta-se com uma abordagem renovada, resultado de mudanças significativas no seu plano de treino. "Sinto-me bem. Alterei bastante o tipo de trabalho no último mês ou dois. Estou um pouco apreensivo por causa disso, mas confiante de que dará resultado".
Ao contrário dos métodos tradicionais baseados em volume, Bennett e a sua equipa optaram por explorar outros parâmetros de rendimento. “Durante os últimos anos trabalhámos muito a velocidade máxima, porque acreditávamos que me faltava isso no sprint. Mas, com uma análise mais aprofundada, percebemos que o verdadeiro défice estava no binário. Por isso, concentrei-me mais em esforços curtos e explosivos".
Apesar dessa mudança, o irlandês não abandonou totalmente os fundamentos da velha guarda. "Sou do tempo em que se fazia muita quilometragem antes das Grandes Voltas. Sempre achei que as bases do ciclismo não mudam. Mas, para ser honesto, neste momento não sinto falta dessa resistência. Acho que, com a idade que tenho, já está bem consolidada".
A sua motivação permanece intacta, mesmo com o recente anúncio da retirada de Caleb Ewan, antigo rival direto, que surpreendeu o pelotão ao abandonar o desporto por falta de motivação. “A vontade de vencer continua a queimar cá dentro. Ainda sinto aquele nó no estômago sempre que perco. E isso é bom sinal. Quero vencer no WorldTour e, acima de tudo, quero vencer aqui. Não podemos sair daqui sem uma vitória de etapa".
A saída de Ewan abalou Bennett. “Foi um choque. Sempre me dei bem com ele, tanto em cima como fora da bicicleta. E agora começo a perceber que muitos dos meus contemporâneos se estão a reformar. Isso faz-nos pensar. Ainda me sinto jovem, acho que ainda tenho alguns bons anos pela frente, mas foi estranho. Tivemos grandes duelos e puxámo-nos mutuamente até aos limites".
Com o Giro prestes a arrancar e um perfil de primeira etapa que pode favorecer uma chegada em pelotão compacto, a oportunidade de começar com a camisola rosa está em cima da mesa. Bennett está determinado a agarrá-la. “Já passou algum tempo desde a última vitória e isso tornaria este regresso ainda mais especial. Seria a confirmação de que as mudanças que fizemos estão a funcionar. E, acima de tudo, provar que ainda estou cá".
Com um comboio a afinar-se e o sprint de amanhã à vista, poucas ocasiões parecerão tão adequadas para Sam Bennett voltar a erguer os braços. O Giro começa com uma meta ideal. Resta saber se o irlandês estará à altura do momento.