A Volta à Itália 2025 começa com uma estreia histórica na Albânia, primeiro país fora do eixo tradicional a acolher a Grande Partida de uma das Grandes Voltas. A jornada inaugural, entre Durazzo e Tirana, será tudo menos um passeio cerimonial. Com 160 quilómetros, três subidas categorizadas e um final técnico, o dia poderá coroar um sprinter resistente, um puncheur oportuno ou até um atacante ousado.
Durazzo - Tirana, 160 quilómetros
Percurso: subidas encadeadas e um final traiçoeiro
A primeira metade do dia é plana, mas a tranquilidade acaba cedo com a subida para Gracen (12,9 km a 5,9%), que se destaca pela extensão e que servirá como filtro inicial, terminando a 79 quilómetros da meta.
A corrida depois entra em circuito com dupla passagem pela subida de Surrel (6,9 km a 4,6%), que se assemelha em perfil à Cipressa, embora com uma rampa de 13% que pode funcionar como trampolim para ataques. A última passagem culmina a apenas 11 km da chegada. A partir daí, uma descida técnica pode servir de palco para movimentos decisivos — sobretudo porque a chegada em Tirana acontece após vários quilómetros em declive.
Condições meteorológicas
O céu deverá apresentar-se ligeiramente nublado, com vento de oeste a soprar pelas costas dos ciclistas na subida final. Esse vento de cauda poderá favorecer ataques e aumentará o ritmo nas zonas decisivas da etapa.
Mapa da etapa 1 da Volta a Itália
Favoritos à vitória e à primeira camisola rosa
Mads Pedersen é o nome mais sólido para um sprint num grupo reduzido. Está em boa forma, tem capacidade para ultrapassar as subidas e conta com apoio importante da Lidl-Trek, com
Giulio Ciccone e
Mathias Vacek a poderem trabalhar tanto no controlo como em ataques alternativos.
Wout van Aert (Team Visma | Lease a Bike) será também uma aposta forte, se a condição física lhe permitir. Apesar da doença recente após a Amstel Gold Race, o belga mostrou boas pernas nas subidas em abril e, mesmo não estando no auge, pode resistir aos obstáculos do dia e disputar a etapa. A sua equipa tem profundidade, com
Simon Yates e
Wilco Kelderman a poderem assumir o trabalho no controlo.
Olav Kooij é uma carta mais arriscada, mas se sobreviver às subidas, pode surpreender.
Kaden Groves será outro nome apontado à camisola rosa, mas terá de superar um terreno que não favorece os sprinters puros. Estará em desvantagem face a Pedersen e Van Aert se a corrida for agressiva.
Entre os puncheurs e sprinters resistentes, há uma segunda linha de candidatos como Andrea Vendrame, Dorian Godon, Orluis Aular, Luca Mozzato e Paul Magnier, que precisam de um ritmo seletivo para ter hipótese real. Corbin Strong e Filippo Fiorelli também têm argumentos para uma chegada tensa e fragmentada.
O que podem fazer os homens da geral?
A maioria dos favoritos à classificação geral — Primoz Roglic, Juan Ayuso, Michael Storer, Thymen Arensman, Derek Gee, Egan Bernal — deverá gerir o dia com cautela, mas não se exclui a hipótese de alguns deles tentarem marcar terreno. Daniel Martínez, Isaac del Toro, Richard Carapaz ou Romain Bardet poderão aproveitar o perfil para atacar e conquistar segundos preciosos.
Além disso, ciclistas como
Tom Pidcock,
Pello Bilbao,
Christian Scaroni e
Kévin Geniets são especialmente perigosos em finais técnicos como este, com possibilidade de atacar nas subidas ou lançar-se em descidas agressivas rumo à vitória.
Ciclistas como Joshua Tarling, Marco Frigo e Mattia Cattaneo não devem fazer a diferença na subida, mas se conseguirem abrir espaço antes do topo, podem ser muito difíceis de alcançar na longa descida até Tirana.
Previsão da 1ª etapa da Volta a Itália 2025:
*** Mads Pedersen, Wout van Aert
** Kaden Groves, Corbin Strong, Tom Pidcock
* Mathias Vacek, Olav Kooij, Luca Mozzato, Andrea Vendrame, Dorian Godon, Rick Pluimers, Filippo Fiorelli, Joshua Tarling, Romain Bardet, Diego Ulissi, Christian Scaroni, Primoz Roglic, Juan Ayuso, Richard Carapaz, Thymen Arensman, Michael Storer, Derek Gee
Escolha: Mads Pedersen
Cenário previsto: Sprint de grupo reduzido
Original: Rúben Silva