"Se tivesse feito o treino de altitude não teria sobrevivido" Michael Matthews recorda a doença que o ameaçou de morte

Ciclismo
sexta-feira, 12 setembro 2025 a 13:00
matthews
Michael Matthews viveu em 2025 um dos períodos mais dramáticos da sua carreira. O ciclista australiano da Team Jayco AlUla, de 34 anos, foi obrigado a falhar a Volta a França depois de lhe ter sido diagnosticada uma embolia pulmonar durante um estágio em altitude no início do verão. Agora, recuperado, aponta a um final de época ambicioso, começando pelas provas do World Tour do Canadá, onde irá medir forças com nomes como Tadej Pogacar e Wout van Aert.
O episódio começou de forma quase impercetível. Matthews recorda que estava a meio de um estágio de três semanas quando sentiu sinais de alarme. “Estava talvez a uma semana e meia do meu campo de treinos e não conseguia respirar. Senti uma dor aguda e lancinante no peito e continuei a treinar, pensando que eram alergias, porque estavam a cortar a relva e eu tenho alergias graves”, relembra.
Mas os sintomas agravaram-se de forma súbita. “Estava a chegar ao fim do meu campo de treinos e devia fazer alguns exercícios, mas nem sequer consegui fazer um. Tive uma dor de cabeça e caí da bicicleta numa subida. Parei o treino e dirigi-me para um hospital na Suíça”, contou. Foi então que os médicos fizeram uma descoberta chocante. “Depois de fazer análises, descobriram coágulos de sangue no meu corpo. Fizeram exames e descobriram que estavam nos meus pulmões. Fui hospitalizado durante dias e tomei anticoagulantes durante três meses.”
O australiano admite que esteve por um fio. “Os médicos disseram que se eu tivesse feito o mesmo treino em altitude durante mais dois ou três dias, provavelmente não teria sobrevivido. Num dia estava a fazer o treino em altitude como normalmente faço, e no dia seguinte estava no hospital.”
Matthews, que soma quatro vitórias em etapas da Volta a França, três na Volta a Itália e outras três na Volta a Espanha, é o atual campeão do GP do Quebeque, corrida que já venceu em três ocasiões, e conquistou também o GP de Montréal em 2018.
Michael Matthews
Michael Matthews
Na altura do diagnóstico, a Team Jayco AlUla divulgou um comunicado a confirmar a gravidade da situação: “Durante um recente treino em altitude, a equipa médica da GreenEDGE Cycling descobriu sinais de embolia pulmonar”, lia-se na nota. O documento acrescentava que “subsequentemente decidiu suspender toda a atividade física do ciclista até nova ordem, como medida de precaução”. A equipa garantiu ainda que “o estado de saúde de Matthews é estável. A equipa médica está agora a investigar minuciosamente a extensão do problema e a possível causa, para definir um processo de recuperação seguro e ideal para o atleta. Durante este período de investigação, como medida de salvaguarda, Matthews irá abster-se de competir para garantir que não há risco para a sua saúde e bem-estar, excluindo assim a sua participação na próxima Volta a França”.
Após três meses de medicação e um longo processo de recuperação, Matthews regressou finalmente ao pelotão. Assinalou o seu regresso com um oitavo lugar na Clássica da Bretanha, antes de competir na Clássica de Maryland, nos Estados Unidos. A sua condição física tem vindo a melhorar e, agora, foca-se nas clássicas de final de época no Canadá, determinado a encerrar um ano turbulento em grande estilo.
O que deveria ter sido mais um ano em destaque na Volta a França transformou-se numa luta pela própria vida. Matthews enfrentou o maior desafio de saúde da sua carreira, mas regressa ao pelotão com ambição renovada. Para o veterano australiano, a simples presença no GP do Quebeque e no GP de Montréal já representa uma vitória, mas o objetivo passa por fechar 2025 no pódio.
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