Tadej Pogacar tem protagonizado uma primavera absolutamente arrebatadora, com sete vitórias conquistadas em 2025, incluindo dois Monumentos, reforçando de forma decisiva o seu palmarés. Em contraste, o campeão da
Volta a França,
Jonas Vingegaard, tem-se mantido numa abordagem muito mais contida, com apenas participações na Volta ao Algarve e em parte da Paris-Nice, onde foi forçado a abandonar.
"É uma loucura dizer isto, mas se Pogacar parasse de competir agora, a sua época já seria um enorme sucesso", afirmou
Sean Kelly na sua mais recente coluna para o Cycling News. O lendário irlandês, como tantos outros, está profundamente impressionado com o rendimento do esloveno. "Se recuarmos até à Strade Bianche e observarmos o que ele tem feito em todos os tipos de corridas desde então, desde a Milan-Sanremo à Volta à Flandres, passando pela Paris-Roubaix, até à Flèche Wallonne e à Liège, é difícil encontrar um terreno onde os rivais o consigam realmente colocar em dificuldades. Não há nenhum."
Kelly evocou ainda algumas memórias para sublinhar o domínio do esloveno. "Penso no que sofri na Liège para me manter com os outros nas subidas, mas sabia que, se conseguisse resistir até ao fim, teria hipóteses ao sprint", relembrou. "Pogacar, porém, atacou em La Redoute e foi embora. Mesmo que tivesse deixado a decisão para o sprint, contra Ben Healy e Giulio Ciccone, é provável que também tivesse vencido."
Com esta sequência de prestações dominantes, poucos acreditam que Vingegaard consiga travar o impulso de Pogacar e reconquistar a Camisola Amarela na Volta a França, no pico do verão. No entanto, Kelly não vê o cenário de forma tão linear. Apesar de considerar o líder da UAE Team Emirates - XRG como o grande favorito, acredita que o dinamarquês poderá causar-lhe mais dificuldades do que no ano passado.
"Em vez de encerrar a primavera após a Liège-Bastogne-Liège, Pogacar vai manter o foco até ao verão. E mesmo tendo feito um grande esforço nas Clássicas, não creio que isso vá afectá-lo na preparação para o Tour", explicou Kelly, antigo vencedor da Volta a Espanha. "É positivo ver Vingegaard de regresso em julho e estou confiante de que ele vai conseguir colocar Pogacar sob mais pressão."
O irlandês destacou ainda outro nome de peso. "Espero que Remco Evenepoel também se envolva na luta. Mas, se tivesse de apostar, seria muito difícil não escolher Pogacar para vencer novamente a Volta a França", concluiu Kelly, hoje com 68 anos. "Não tenho dúvidas de que ele já está a pensar em 2026, na melhor forma de abordar a Paris-Roubaix. Mas mesmo que nunca ganhe essa corrida, tudo o que tem feito desde a Strade esta primavera é absolutamente extraordinário. Não há como negar."