"Será que estão mesmo a tentar ganhar a Vuelta com o Almeida?" - Emirates questionada após desastre tático na 9ª etapa da Vuelta

Ciclismo
segunda-feira, 01 setembro 2025 a 17:55
Almeida
As ambições de João Almeida na Vuelta a Espanha 2025 sofreram um duro golpe na 9ª etapa. O português da UAE Team Emirates - XRG cedeu 24 segundos a Jonas Vingegaard numa chegada em alto que, em teoria, não deveria ter provocado grandes diferenças. Mais grave do que o tempo perdido foi a forma como aconteceu: completamente sozinho, sem qualquer colega de equipa para o proteger, enquanto a Team Visma | Lease a Bike executava uma manobra coletiva impecável.
“Hoje faltou-me um pouco de apoio da equipa. No final, não estava ninguém comigo. É assim que as coisas são”, confessou Almeida ao Eurosport. “Estávamos mal posicionados. Eles arrancaram com uma força incrível e foi difícil reduzir a diferença logo de seguida. Senti-me bem na subida, mas o Vingegaard estava a voar.”

Visma coesa, UAE desarticulada

O contraste não podia ser mais evidente. Enquanto Vingegaard foi lançado pelos seus homens no momento certo, Almeida já lutava pela colocação na base da subida. Ayuso, Jay Vine e Marc Soler todos ausentes quando o português mais precisava. Para uma equipa com o orçamento e a profundidade da UAE, o cenário foi desconcertante.
Coube ao ex-profissional e comentador Thijs Zonneveld verbalizar a frustração que muitos adeptos sentiram: “Estão mesmo a tentar ganhar a Vuelta com Almeida? Ele está claramente a tentar. Mas quem o está a ajudar?”
Na sua análise no podcast In de Waaier, o neerlandês apontou diretamente à falta de compromisso: “Se havia um plano, incluía Ayuso. Se ele está minimamente empenhado, estes são os dias em que tinha de aparecer. Não fez nada. E Soler? Terminou em sexto na etapa, mas não mexeu um dedo por Almeida. Tem pernas, mas não cabeça. Faz o que lhe apetece. Sem ordens específicas, fica à deriva.”

Uma fragilidade estrutural

Segundo Zonneveld, o problema vai além de Ayuso ou Soler: é um padrão dentro da estrutura. “Oliveira, Novak não são suficientemente fortes. Grossschartner anda sempre na terra de ninguém. Soler é potente, mas nunca está no sítio certo. O resultado? Almeida fica sozinho, outra vez.”
A imagem que ficou da etapa foi a de um João Almeida a pedalar entre mundos: sem coesão atrás de si e incapaz de acompanhar Vingegaard quando o dinamarquês atacou. A diferença de 24 segundos foi menos relevante do que o isolamento em que se viu.
“Na Visma, isto é discutido e treinado. Se sabem que o Almeida tem dificuldades de posicionamento, exploram-nas. E hoje foi o que fizeram”, rematou Zonneveld.

Duas equipas, duas realidades

O episódio reforçou a ideia de que a UAE, sem Pogacar, não consegue replicar a disciplina que mostrou na Volta a França. Na prova francesa, os co-líderes e domestiques sacrificaram-se em bloco pelo esloveno; em Espanha, a dispersão é evidente.
Ayuso vence etapas, Vine procura oportunidades, Soler corre por conta própria, mas ninguém parece disposto a se fundir num esforço coletivo por Almeida. Para já, o português mantém-se entre os principais favoritos, mas com uma questão no ar: poderá lutar contra uma Visma compacta se continuar a enfrentar as montanhas sozinho?
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