O tão aguardado regresso de
Remco Evenepoel às corridas aconteceu esta semana na
Volta à Grã-Bretanha, um mês e meio depois de ter abandonado a Volta a França. O campeão olímpico belga tinha colocado pela última vez o dorsal a 19 de julho, durante a 14ª etapa no Tourmalet, onde desistiu após três dias muito duros nos Pirenéus. Apesar de ter vencido uma etapa e envergado a camisola branca, a falta de preparação adequada durante o inverno acabou por pesar, levando a uma saída precoce da corrida.
Desde então, Evenepoel tem ocupado as manchetes não pelos resultados, mas pela transferência histórica para a
Red Bull - BORA - Hansgrohe, confirmada logo após o Tour e que altera o equilíbrio de forças no pelotão internacional.
Em declarações à Cycling Weekly durante a prova britânica, o belga de 25 anos explicou como viveu o momento do anúncio: "Penso que foi na altura em que ambas as equipas decidiram dar a notícia e eu tive de a aceitar. No final, é assim que acontece. Já o disse ontem à imprensa belga: toda a gente tem as suas opiniões e eu estava preparado para as duas. Penso que é provavelmente um alívio o facto de a notícia ter sido divulgada".
Um olho no presente, outro no futuro
Evenepoel reconheceu o contraste entre os projetos das duas equipas: "É claro que a Red Bull - BORA - Hansgrohe está realmente a apostar nas grandes voltas, e aqui (na Soudal Quick-Step) o foco está mais nas clássicas. Para mim, neste momento, o mais importante é continuar e dar a melhor versão de mim mesmo até à minha última corrida com esta equipa".
O campeão olímpico assegurou sentir-se renovado após a pausa de verão: "Honestamente, sinto-me bastante relaxado e com o corpo fresco. Estou muito feliz por estar de volta à competição. Este ano, aqui na Volta à Grã-Bretanha, o percurso é exigente, por isso é uma corrida perfeita para regressar e preparar os Mundiais".
A grande meta no horizonte são os Mundiais de Kigali, no Ruanda. Desde 2022 que Evenepoel conquista pelo menos uma camisola arco-íris por época - a corrida de estrada em Wollongong, os contrarrelógios em Glasgow e Zurique - e agora quer prolongar a série. "Acho que tenho duas boas oportunidades, por isso espero estar na minha melhor forma possível e tentar apontar para o mais alto", disse.
Sobre a seleção belga, admitiu que nem todos quiseram alinhar na viagem a África, mas destacou a qualidade do grupo: "É claro que houve ciclistas que não quiseram ir ao Ruanda, mas penso que a equipa que temos agora é a melhor possível. Cada um deve tomar a sua própria decisão, tem as suas razões. Todos os que estão nesta lista estavam também na minha, digamos assim. Vamos dar o nosso melhor".
Respeito na despedida
A
Soudal - Quick-Step reagiu à saída com respeito e reconhecimento: "Apesar de lamentarmos a decisão de Remco de sair, vamos manter as memórias que criámos e continuaremos a esforçar-nos juntos para alcançar alguns resultados significativos durante o resto da época", referiu a equipa em comunicado, lembrando as 1000 vitórias UCI conquistadas desde 2003.
Do lado da Red Bull - BORA - Hansgrohe, Ralph Denk mostrou entusiasmo: "2O objetivo da transferência é alargar o nosso alcance. Não estamos a falar apenas do Tour, mas de muito mais. Ele já conseguiu muito numa idade jovem e acreditamos que pode conseguir ainda mais. Não é segredo que estamos interessados no Remco desde a pandemia do coronavírus".
Ainda assim, Denk admitiu que subsistem questões em aberto: "Temos de discutir a forma como vamos abordar as grandes voltas. Ainda é cedo para dizer o que isso significará para Roglic e os outros. O ciclismo não é como o futebol, em que só há uma equipa. Cada Grande Volta exige escolhas. Quando conhecermos os percursos do próximo ano, começaremos a juntar as peças. Em todo o caso, o Primoz e o Florian ainda têm contrato para 2026".