Depois de uma época marcada tanto pelo sucesso como pela turbulência, Jasper Philipsen prepara-se para redefinir a sua identidade como ciclista. O belga da
Alpecin-Deceuninck, em declarações ao
Tutto Bici Web após terminar o seu ano no Critérium de Singapura, admitiu que o seu foco está a mudar dos sprints em pelotão compacto para o terreno brutal e imprevisível das Clássicas da primavera.
“A equipa está a tentar orientar-me mais para as Clássicas, especialmente no início da época”, explicou Philipsen. “Naturalmente isso significa concentrar-me menos nos sprints puros, mas isso não é um problema. Lutar por vitórias em corridas com que eu sonho, como a Roubaix, é algo especial.”
Uma nova identidade para um sprinter maduro
Aos 27 anos, Philipsen entra numa fase da carreira em que muitos ciclistas procuram reinventar-se. Conhecido pela sua aceleração letal e resistência, o belga reconhece que chegou a um ponto em que as margens de progresso são pequenas, mas ainda acredita poder evoluir.
“Tentamos sempre melhorar, mas quando chegamos a um certo nível, os ganhos são menores”, confessou. “Já não é como quando se tem 15 anos e se pode acrescentar 20 watts todos os anos. Agora trata-se de afinar o motor e encontrar pequenas melhorias.”
Essa evolução poderá transformá-lo de um dos melhores sprinters do mundo num ciclista capaz de lutar por vitórias nas corridas de um dia mais duras do calendário. “É um bom desafio”, afirmou. “Ganhar sprints em pelotão compacto é uma coisa, mas lutar pela vitória nas maiores corridas de um dia é uma sensação completamente diferente.”
Derrotar Pogacar: o enigma das Clássicas
Entre os rivais que podem travar o sonho de Philipsen está
Tadej Pogacar, cuja estreia na
Paris-Roubaix em 2025 surpreendeu o pelotão. O belga reconhece o talento do esloveno, mas acredita que o coletivo da Alpecin-Deceuninck pode ser a chave.
“Não nos concentramos muito nos rivais, mas se o Tadej estiver na linha de partida, é obviamente um dos favoritos, seja numa Clássica plana ou montanhosa”, analisou. “Ele é quase imbatível, mas com a nossa equipa e com o
Mathieu van der Poel, temos força para jogar uma carta como equipa e tentar vencê-lo.”
Philipsen sublinha a importância do espírito coletivo, sobretudo ao lado do campeão do mundo. “Com o Mathieu lá, sabemos que podemos tornar a corrida agressiva e imprevisível. É nessa altura que estamos no nosso melhor.”
Jasper Philipsen irá concentrar-se nas Clássicas da primavera em 2026
A velocidade ainda corre nas veias
Apesar das novas ambições, Philipsen não tenciona abandonar o seu território natural: as chegadas rápidas. A
Volta a França continua a ser o ponto alto da sua temporada e o seu principal objetivo competitivo.
“A A.S.O. tenta sempre tornar a corrida mais emocionante. Estas alterações significam que há mais cenários possíveis, desde um sprint compacto a ataques tardios. Vai tornar as etapas mais abertas e mais interessantes.”
Tendo já vestido a Camisola Amarela na Volta a França e a vermelha na Volta a Espanha, o belga procura agora combinar a sua potência de sprinter com a versatilidade necessária para brilhar nas Clássicas empedradas.
A campanha de 2026 promete ser o início de uma nova fase para Jasper Philipsen – menos previsível, mais versátil e, talvez, mais completa. O belga sabe que o sucesso nas Clássicas exige mais do que força bruta: requer posicionamento, resistência e uma mentalidade táctica afiada.
“O ciclismo tem sempre a ver com paixão e emoção. É isso que nos faz seguir em frente, seja qual for o objetivo”, concluiu.