Nos últimos anos os desempenhos nas montanhas no ciclismo profissional melhoraram exponencialmente e para além da evolução da aerodinâmica e dos métodos de treino, Tadej Pogacar falou sobre as mudanças que teve na sua alimentação, atingindo um nível que acreditava ser impossível de alcançar quando ganhou a Volta à França pela primeira vez.
Peter Attia perguntou-lhe sobre as melhorias que fez em 2024. "Não mudei apenas o treino na bicicleta, foquei-me mais o treino do núcleo, mais coisas fora da bicicleta e também me interessei mais pelos pormenores da nutrição", respondeu Pogacar. "Estou a ficar mais velho, por isso já não estou tão obcecado em comer bolo com bolo ou só comer merda". Afirmou que o seu peso durante o Tour rondava os 65 kg e que durante a época baixa variava normalmente à volta dos 69 kg. Falou abertamente sobre o aumento do consumo de hidratos de carbono por hora, algo que tem desempenhado um papel importante no nível que está a atingir o ciclismo moderno, porque os ciclistas têm maiores reservas de energia.
"Na bebida temos 30 ou 60 gramas por garrafa, honestamente gosto dos 30 gramas porque assim posso comer mais, mas quando é uma fase mais difícil é melhor ter 60 gramas na garrafa e comer menos - nas fases difíceis é preciso ter 120 gramas por hora", explica. "Nas etapas mais fáceis, temos 60 a 90 por hora... Há 5 anos, 120 gramas por hora parecia impossível, mas com uma boa alimentação, com uma boa nutrição [...] e com o nosso nutricionista, ele concebeu géis e bebidas muito bons que são fáceis para o intestino. Desde que criaram este produto não tenho problemas de estômago. Há 5 anos atrás, ia sempre a cagar nas calças depois das provas de fundo ou das corridas longas e agora, mesmo comendo 120 gramas, não tenho problemas de estômago".
Este ano na Volta a França, as estimativas fiáveis apontavam que na etapa do Plateau de Beille, com 5000 metros de acumulado, Jonas Vingegaard fez 6,85W/Kg durante 41 minutos - uma prestação que foi talvez a sua melhor de sempre, mas que não foi sequer suficiente para acompanhar Pogacar que esteve quase na casa dos 7W/Kg. Esta rivalidade saudável marcou as quatro ultimas edições do Tour, onde ambos venceram por duas vezes cada um.
"A Volta a França é a maior corrida do ciclismo. Para continuar a estar no topo é preciso fazer a Volta a França e, sim, há uma luta entre mim e o Jonas. Desafiamo-nos um ao outro e a Volta é o teste para ver quem é o melhor desse ano", diz, confirmando que a Volta a França continua a ser um dos seus grandes objetivos, da qual não deverá abrirá mão tão cedo. "Vou continuar a fazer o Tour enquanto gostar dele. Quando já não gostar deste stress, penduro a bicicleta na garagem durante o verão."
O esloveno falou do seu grande rival, que não foi capaz de o acompanhar este verão. "Não sei exatamente como foi a sua recuperação, porque eles mantiveram-na em segredo. Mas quando ele voltou a andar de bicicleta, penso que começo a treinar normalmente imediatamente. No início, pouco a pouco. Mas acho que isso afecta uma prova de três semanas, a preparação, não se tem capacidade para três semanas", diz.
"Tens a força, como 10 minutos de potência máxima, 10 minutos, 5 minutos, um dia... Mas o corpo não está habituado a passar mais um dia. Acho que foi este o caso do Jonas este ano, ele tinha muita potência, grandes números, mas não para continuar numa corrida com a extensão de três semanas".