Uma das previsões mais ousadas para a Volta a Itália 2024 era a de que Tadej Pogacar iria levar a camisola rosa do primeiro ao último dia da Volta a Itália. Precisou de duas etapas para lá chegar. Mas será que a liderança tão madrugadora da corrida pode tornar-se um fardo? Esta é a hipótese levantada pelo comentador do Sporza, Renaat Schotte.
"Pogacar é intocável neste Giro? Toda a gente diz que sim. Todos pensam que ele vai manter a camisola rosa até Roma", avalia Schotte para o Sporza após a segunda etapa do Giro d'Italia. "Eu digo 'não, ele não é intocável' porque a corrida ainda é tão longa. O Pogacar tem agora a camisola rosa, mas isso também lhe vai custar cerca de uma hora no final de cada dia (cerimónia do pódio e entrevistas). É uma hora a menos para recuperação, às vezes é até hora e meia. Carrega-se isso numa Grande Volta".
Embora uma hora a menos de sono e recuperação por noite possa não parecer grande coisa, até o grande Tadej Pogacar pode sentir os efeitos da perda acumulada durante a corrida. "O Pogacar pode continuar a ser o super-homem que é, mas é apenas humano", avalia Schotte. "Devido à dinâmica especial deste Giro, com uma subida no segundo dia, veremos certamente surpresas na última semana e ciclistas que falharão."
No que diz respeito à UAE Team Emirates no seu conjunto, Schotte também está preocupado. "A equipa da UAE está no bom caminho. Mas têm de ser colocadas questões em relação à sua força. O próprio Pogacar disse que lhe faltava um homem para fazer a diferença em San Vito", explica. "Depois de Rafal Majka ter passado o cetro a pouco mais de 4 km do fim, Pogacar ainda conseguiu afastar-se da concorrência. Ele correu bem, mas no final a diferença era de apenas 27 segundos. Isto indica um quilómetro final ligeiramente mais lento para Pogacar".