Tadej Pogacar viajou do Ruanda para França, embora não o tenha feito de forma tão rápida como
Remco Evenepoel, e está agora pronto para atacar um título inédito na sua carreira: a vitória na prova de estrada do
Campeonato da Europa. O objetivo é ambicioso e no caminho do camisola arco-íris estarão rivais diretos como Evenepoel e
Jonas Vingegaard, que regressa à competição após o triunfo na Volta a Espanha.
Em Drôme-Ardèche, Pogacar volta a ter a companhia da sua parceira Urska Zigart, tal como aconteceu no Mundial de Kigali. "É bom podermos viajar juntos de corrida em corrida durante este período. Se pudesse escolher, faria sempre assim, porque valorizo muito estes momentos", afirmou em conferência de imprensa.
Depois de um período marcado pelo desgaste físico e mental da Volta a França, Pogacar regressou à sua melhor condição física. A vitória a solo no Mundial de Kigali foi a confirmação de que atravessa uma excelente fase. "Sinto-me muito bem, especialmente nesta fase final da época e após uma longa viagem", explicou. Ainda assim, o esloveno sabe que não poderá repetir em França o mesmo tipo de ataque que protagonizou em Zurique e no Ruanda nos últimos dois anos.
"São subidas muito duras. Em comparação com o Mundial, esta é uma corrida mais curta e muito mais explosiva", reconheceu. "Aqui as subidas não são demasiado longas nem demasiado íngremes. Vai ser muito disputado, com mais ciclistas a lutar pela vitória do que no Mundial. Será uma corrida fantástica."
Rivais diretos: Evenepoel e Vingegaard
Pogacar terá novamente pela frente Evenepoel, vice-campeão mundial de estrada e vencedor do contrarrelógio em Kigali. "Ele mostrou no domingo o quão forte está. Terminou em segundo lugar mesmo depois de trocar de bicicleta duas vezes. Está muito bem preparado, altamente motivado e em grande forma. Mentalmente, está sempre pronto para vencer corridas deste calibre. Vai ser um rival fortíssimo."
Já Vingegaard surge como incógnita, tendo em conta que não compete há três semanas, desde a conquista da Volta a Espanha. "Há muito tempo que não corremos um contra o outro numa clássica. Mas o simples facto de estar aqui mostra que está confiante. Será certamente um adversário perigoso."
Pogacar nota também que o formato mais curto do Europeu muda o tipo de corrida: "São cerca de 70 quilómetros a menos, o que faz muita diferença. Para uma fuga vingar, é preciso muita força. Talvez haja uma oportunidade, mas não me parece. Contudo, nunca digas nunca."
A seleção eslovena, sem Primoz Roglic, apresenta-se menos robusta do que no Mundial, algo que poderá ser aproveitado por outras equipas.
Um título que falta no palmarés
Apesar do desgaste do calendário, Pogacar não esconde a ambição de conquistar o Europeu, uma das poucas grandes vitórias que ainda lhe faltam no palmarés. "As últimas edições não me correram bem. Há quatro anos era uma corrida de trepadores e mesmo assim, venceu um sprinter rápido como o Sonny Colbrelli. Os Europeus são sempre imprevisíveis e duros."
Questionado sobre a calendarização da prova, o esloveno mostrou o seu desagrado: "Não estou satisfeito com esta data. O calendário torna-se demasiado apertado entre grandes objetivos. Hoje mesmo foi confirmada a minha presença no Tre Valli Varesine e além disso, temos o Giro dell’Emilia e a Cro Race. Há ciclistas obrigados a escolher."
"Não é positivo para mim, nem para os outros", acrescentou. "No mesmo dia não podem haver três ou quatro corridas deste nível, porque depois não há ciclistas suficientes. O calendário nunca é perfeito, mas se me perguntarem, mudaria muitas coisas."