"Talvez amanhã Jonas Vingegaard já a tenha recuperado" - Torstein Traeen vai saborear ao máximo a Camisola Vermelha na Vuelta

A 6ª etapa da Volta a Espanha 2025 deixou uma marca inesperada na classificação geral. Torstein Traeen (Bahrain - Victorious) assumiu a Camisola Vermelha após integrar a fuga do dia e resistir no final em Andorra, enquanto Jay Vine (UAE Team Emirates - XRG) triunfou em solitário no Alto de Pal.

O norueguês de 30 anos, durante anos um gregário discreto e especialista em fugas, viu finalmente recompensada a sua resiliência. “É um pouco inesperado”, confessou após cortar a meta. “Há uns dias estava a falar com o Johannes [Staune-Mittet] sobre a geral. Ele disse-me que era um falhado porque estava sempre perto mas nunca entrava a sério na luta. Eu respondi: ‘Quando ganhar a camisola vermelha depois da etapa de Andorra, já não me vais chamar falhado!’”

A etapa começou de forma explosiva com a Collada de Sentigosa (11,1 km a 4,2%), que selecionou rapidamente o pelotão e permitiu a formação de uma fuga com nomes fortes: Vine, Bruno Armirail (Decathlon AG2R La Mondiale), Lorenzo Fortunato (XDS Astana Team), Louis Vervaeke (Soudal - Quick-Step) e o próprio Traeen.

Na descida do Alto de la Comella, Vine lançou o ataque decisivo, aproveitando o conhecimento do terreno para ganhar espaço. Atrás, Traeen manteve a regularidade, consciente de que tinha a liderança virtual assegurada caso resistisse em Pal (9,6 km a 6,5%).

“Foi muito difícil desde o início, só entrar na fuga já foi uma luta enorme. Sabia que o Bruno [Armirail] estava muito perto na geral, mas também sabia que a subida final ia ser duríssima. O Jay atacou na descida e eu limitei-me a gerir a minha potência. Os últimos 5 km pareceram intermináveis”, explicou o novo líder.

Nunca antes um norueguês tinha vestido a Camisola Vermelha. Traeen, que sobreviveu a um cancro testicular em 2022 e se tornou símbolo de resiliência, atinge assim o ponto alto da sua carreira. A incerteza mantém-se: será capaz de defender a liderança face a nomes como Vingegaard, Almeida ou Ciccone?

O próprio não escondeu o realismo: “Não sei até quando vou mantê-la. Talvez amanhã o Jonas já a recupere [risos]. Mas, por hoje, é um sonho realizado.”