Laurens ten Dam revelou a convocatória da seleção feminina dos Países Baixos para o
Campeonato do Mundo de Ciclismo, que se realiza no próximo mês no Ruanda. A lista apresenta um conjunto de ciclistas de enorme talento e profundidade, mas o selecionador nacional belga, Ludwig Willems, considera que nem tudo está garantido para as vizinhas, apesar da força evidente das suas líderes.
A Bélgica contará com a bicampeã
Lotte Kopecky, mas o percurso ruandês promete colocar à prova todo o pelotão, graças ao seu perfil exigente e repleto de subidas explosivas. Enquanto a prova masculina terá uma etapa inicial claramente favorável aos trepadores puros, com Tadej Pogacar como favorito à revalidação do título, a corrida feminina será disputada ao longo de 11 voltas a um circuito de 15 quilómetros, cada uma com subidas curtas e inclinadas. No total, serão 164 quilómetros e 3350 metros de desnível acumulado, criando múltiplas oportunidades para diferentes perfis de ciclistas se destacarem.
"Foi impressionante ver uma equipa de sete ciclistas tão fortes? Sem dúvida.
Marianne Vos,
Puck Pieterse,
Demi Vollering e
Anna van der Breggen são todas potenciais campeãs", afirmou Willems ao WielerFlits. "Metade dessa equipa poderia sagrar-se campeã do mundo, nas condições certas." Ainda assim, o técnico belga fez questão de recordar as dificuldades passadas. "Isto não é novidade. Todos os anos estão nesta posição de força, mas a história mostra que não é fácil colocar todas as ciclistas a trabalhar com o mesmo objetivo."
Os exemplos do passado alimentam a cautela. No ano passado, Kopecky revalidou o título mundial em Zurique, vencendo ao sprint Chloe Dygert, Elisa Longo Borghini, Liane Lippert e Demi Vollering, todas com o mesmo tempo. Contudo, como sublinha Willems, as neerlandesas já foram surpreendidas noutras edições devido a divisões internas. "A seleção dos Países Baixos tem tendência a correr umas contra as outras. Se o selecionador conseguir uni-las, é muito difícil batê-las. Mas nos últimos anos as coisas correram mal demasiadas vezes. Em parte porque Lotte estava tão forte que conseguiu aproveitar essas falhas."
A entrada de Laurens ten Dam como selecionador pode representar um novo ponto de partida, mas Willems mantém reservas quanto a uma verdadeira mudança de mentalidade. "Essa alteração pode trazer um novo ímpeto. Por outro lado, não tenho dúvidas sobre as qualidades da Loes. Foi sempre uma boa selecionadora nacional e acredito que fez acordos claros. A questão é se todas cumprem esses acordos durante a corrida."
A ausência de algumas figuras importantes também marcará esta edição. Pauline Ferrand-Prévot, vencedora da Volta a França Feminina, já anunciou que não estará presente, e Willems acredita que poderá não ser a única. "Espero que mais sigam o mesmo caminho. Isso vai alterar a dinâmica da corrida. Não é um Campeonato do Mundo na Europa, que se possa preparar de forma mais simples."
O selecionador belga nota ainda que alguns elementos do seu próprio pelotão estão a redefinir prioridades. "Vejo que há ciclistas a preferir focar-se no Campeonato da Europa, que decorrerá em Ardèche pouco depois. Mas a nossa seleção feminina continuará a apresentar-se com força."